A primeira resposta ao convite, em Agosto passado, da Fundação Madeleine [Madeleine Foundation] foi positiva, mas posteriormente Gonçalo Amaral manifestou reservas, disse hoje à agência Lusa o secretário da organização, Tony Bennett.

“Mas entretanto recebemos uma mensagem em que disse que estava preocupado com o processo de difamação no tribunal e que só poderia confirmar depois de terminados os julgamentos”, acrescentou.

A providência cautelar da proibição de venda do livro de Gonçalo Amaral “Maddie – A Verdade da Mentira” começou hoje a ser julgada em Lisboa, o que deverá prolongar-se até quinta-feira.

A família McCann pretende a protecção de direitos, liberdades e garantias e, paralelamente, pediu uma indemnização de pelo menos 1,2 milhões de euros a Gonçalo Amaral por declarações consideradas difamatórias.

Na qualidade de coordenador do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (PJ) de Portimão, Gonçalo Amaral integrou a equipa de investigadores que tentou apurar o que aconteceu a Madeleine McCann.

No caso de Gonçalo Amaral não poder deslocar-se, o grupo pondera convidar uma outra pessoa de nacionalidade portuguesa para a segunda conferência, a ter lugar nos dias 27 e 28 de Fevereiro, em Birmingham.

A condição de acesso – vincou Bennet – é que sejam cépticos quanto à ideia de que Madeleine McCann foi raptada na noite de 03 de Maio de 2007 do apartamento onde passava férias com a família na Praia da Luz.

“Os que acreditam no rapto não são bem-vindos”, acrescentou.

A chamada Fundação Madeleine, criada em 2008 por um grupo de britânicos, defende que seja mudada a lei de forma a responsabilizar pais que deixem os filhos sozinhos e quer descobrir “a verdade sobre o desaparecimento de Madeleine McCann”.

Em Agosto do ano passado, a organização originou uma polémica ao distribuir panfletos em que defendia que os pais de Madeleine McCann deviam ser processados.

Tony Bennett disse hoje à Lusa que a Fundação continua a reivindicar a realização de uma investigação conduzida por um juiz.

“Uma criança britânica desapareceu e devia haver uma investigação de um tribunal britânico”, afirmou.

A Fundação pretende publicar em Fevereiro um livro com oito testemunhos recolhidos pela Polícia portuguesa e admite distribuir o livro de Gonçalo Amaral “A Verdade da Mentira” se for autorizada a publicação no Reino Unido.

Mantém também o apoio a Gonçalo Amaral durante os julgamentos em Lisboa, para os quais se deslocou pessoalmente o presidente da Fundação, Grenville Green.

O julgamento da providência cautelar sobre a proibição de venda do livro de Gonçalo Amaral "Maddie – A Verdade da Mentira" iniciou-se hoje em Lisboa, com a presença de Kate e Gerry McCann, pais da criança desaparecida em 2007 no Algarve.

No processo, a família McCann alega que o livro «Maddie – A Verdade da Mentira" e o vídeo com o mesmo título, baseado no documentário exibido na TVI, divulgam a tese de Gonçalo Amaral, considerada por eles insustentável, de envolvimento dos pais de Madeleine no seu desaparecimento.