"Esta é a estratégia de rentabilizar empresas à custa do trabalho precário e da vida das pessoas. Aquilo que está em causa é embaratecer e desbastar todo o valor do trabalho do qual as pessoas vivem e dos seus salários, para meterem trabalhadores que ganham menos, têm menos direitos, são mais pressionados e chantageados”, afirmou Rui Maia, dos Precários Inflexíveis.

Para Rui Maia, o recrutamento de trabalhadores temporários para suprimir as vagas deixadas em aberto pelo despedimento coletivo da Groundforce no aeroporto de Faro “enquadra-se na perspetiva de precarização global da força de trabalho" e é "completamente inaceitável e ilegal".

"Não se pode substituir trabalhadores com direitos, com postos fixos de trabalho, por trabalhadores precários, segundo o Código do Trabalho. A partir de agora, é possível a qualquer empresa neste país descartar-se dos trabalhadores que ainda têm direitos e fazê-los substituir por outros sem qualquer capacidade de reivindicação, que são os trabalhadores precários", acrescentou, em declarações à Lusa.

Armando Costa, da Comissão de Trabalhadores da Groudforce, manifestou também à Lusa o "repúdio" pela situação denunciada por este movimento, que disse ir "prejudicar o serviço uma vez que os trabalhadores precários não têm a mesma formação, o ‘know-how’, a vivência do dia a dia e o vestir de camisola que os trabalhadores permanentes tinham".

"Repudiamos esta situação. Mas isto não é nada contra os trabalhadores temporários. Estes trabalhadores também estão a ser penalizados e hoje são eles amanhã somos nós. Se as empresas começarem a substituir os trabalhadores por trabalhadores precários, amanhã somos nós que seremos precários", ressalvou.

O membro da Comissão de Trabalhadores da Groudforce considerou ainda que esta medida serve para reduzir os direitos dos trabalhadores, uma vez que os temporários não têm tantas regalias como os permanentes.

Folha do Domingo/Lusa