
© Samuel Mendonça
Guilherme de Oliveira Martins proferiu a última conferência do Simpósio Vaticano II – 50 anos, com o título “Nova evangelização e construção da Polis”.
Com sala cheia, o Presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura, considerou ser «extremamente atual» a realização deste Simpósio, sobretudo por tal acontecer no fim de semana em que se assinala o encerramento do Ano da Fé. «Todos os fechos não são senão o anúncio da perenidade de uma mensagem», afirmou e salientou que também as propostas do Concílio Vaticano II «permanecem atuais e perenes», muitas delas «por realizar» 50 anos após a concretização da grande reunião da Igreja.
Temas centrais da sua comunicação foram o conceito de povo de Deus, a partir do qual chegou à noção de “Polis”/cidade, o espaço onde se afirma a identidade atual dos cristãos, ou seja, o mundo.
«A Igreja, em Cristo, é sacramento ou sinal, e instrumento da íntima união de Deus e da unidade de todo o género humano», referiu Oliveira Martins, citando a Constituição Lumen Gentium. Esta frase, contou aos presentes no Simpósio organizado pela Diocese do Algarve, foi profundamente refletida pelos padres conciliares, tendo como ponto de partida para tal reflexão o conceito de povo de Deus.
«O povo de Deus contempla Marta e Maria», referiu, para salientar a existência, no seio da Igreja, de uma dimensão mais humana, organizativa, preocupada com o outro e a resolução de problemas concretos e outra, mais espiritual. «São duas vocações que nos permitem ver a complementaridade que existe no povo de Deus: uma mais compreendida por nós homens e outra melhor compreendida por Jesus Cristo, mas ambas presentes no povo de Deus», salientou e concluiu: «É justamente dessa noção dinâmica e aberta, que ao falarmos de “Polis”, estamos a evocar».
Aliás, na sua perspetiva, uma das grandes consequências do Concílio Vaticano II foi, precisamente, a tomada de consciência da necessidade de abertura da Igreja ao mundo e o efetivar da valorização e da universalização da doutrina social da Igreja como repositório de valores fundamentais e úteis na defesa de uma vida humana melhor e mais justa, ainda que muitos continuem por implementar totalmente.
Conferência de Guilherme d’Oliveira Martins