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Foto © Samuel Mendonça

Os sons da guitarra portuguesa tocada pelo algarvio Ricardo Martins encheram a Sé de Silves no passado dia 29 de outubro.

A iniciativa foi promovida pelo Setor da Pastoral da Cultura, Património e dos Bens Culturais da Diocese do Algarve, no âmbito da celebração do Dia dos Bens culturais da Igreja decorrido no dia 18 do mês passado.

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Foto © Samuel Mendonça

O guitarrista foi acompanhado, na primeira parte do concerto em que tocou guitarra de Coimbra, por João Catarino na viola clássica. Junto interpretaram temas de Carlos Paredes como a “Canção de Alcipe”, “Dança”, “Dança Palaciana” ou “Verdes Anos”, bem como algumas peças da autoria de Ricardo Martins para guitarra de Coimbra como “Tocar-te” ou “Amanhecer” e “Mar”, duas composições da sua trilogia não terminada, intitulada “A Guerra”.

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Foto © Samuel Mendonça

Na segunda parte, interpretada com guitarra de Lisboa, Ricardo Martins foi acompanhado por Cláudio Sousa na viola fado, tendo os músicos interpretado temas como o “Vira de Frielas” de José Nunes, um dos guitarristas de Amália Rodrigues, “Noturno” de Casimiro Ramos, “Lisboa ao Entardecer”, “Variações sobre o Fado Lopes” ou “As Minhas Variações em Lá” de Jorge Fontes. A segunda metade da noite foi ainda preenchida com a interpretação de uma alegre criação de Ricardo Martins para a guitarra de Lisboa, intitulada “Danças na Eira”, e uma adaptação também de sua autoria da marcha de Nossa Senhora da Piedade para aquela guitarra.

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Foto © Samuel Mendonça

O músico algarvio fez questão de explicar que “a grande diferença da guitarra de Coimbra para a guitarra de Lisboa é essencialmente a cabeça”. “A cabeça da de Coimbra tem a forma de uma lágrima e a de Lisboa tem a forma de um caracol”, especificou, acrescentando que a afinação da de Coimbra é “um tom abaixo” da de Lisboa. “A de Lisboa tem um som mais brilhante e a afinação é um tom mais agudo”, complementou, lembrando que “a viola para acompanhar a guitarra de Lisboa também é diferente da utilizada para acompanhar a guitarra de Coimbra”, diferenças que se estendem à afinação e às próprias cordas.

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Foto © Samuel Mendonça

Lembrando que os cristãos são “herdeiros de um vasto e riquíssimo património artístico, cultural, edificado e imaterial” que “é expressão de fé de um povo que crê e faz-se caminhando”, o responsável do Setor da Pastoral da Cultura, Património e dos Bens Culturais da Diocese do Algarve evidenciou que aquela iniciativa procurou fazer a “aliança” entre este “património de fé e um outro património que é tão significativo”: a música. “É talvez pena que estes momentos culturais ainda não sejam assumidos como se assume uma missa pela comunidade crente, cristã ou outra”, lamentou o padre Carlos de Aquino.

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Foto © Samuel Mendonça

Também o padre Vasco Figueirinha, pároco de Silves, considerou que “a música erudita ainda precisa de fazer o seu caminho no meio do povo”. “A vossa arte é uma linguagem”, disse aos músicos.