Há um algarvio na multidão em Roma a testemunhar os momentos que antecedem a eleição do próximo Papa da Igreja Católica.

Trata-se do padre Pedro Manuel, natural de Monchique.

O sacerdote da Diocese do Algarve viajou ontem para a capital italiana. Esta manhã chegou à Praça de São Pedro quando tinha acabado de sair fumo negro da chaminé colocada no telhado da capela Sistina, onde estão reunidos em Conclave os 133 cardeais eleitores. “Pensei: que grande graça Deus me permitiu em estar aqui neste contexto!”, testemunha ao Folha do Domingo o pároco de Boliqueime, Ferreiras e Paderne, confessando que não o “entusiasmava até hoje a ideia de estar em Roma em ambiente de conclave”.

O motivo que o levou a Roma foi outro. O sacerdote foi, em dezembro do ano passado, desafiado a encontrar-se nesta data na capital italiana com uma antiga colega de estudos. “Não poderia supor que a viagem pensada (e entretanto marcada) iria coincidir com o início do conclave que em maio de 2025 escolherá o novo sucessor de Pedro”, contou.

O padre Pedro Manuel testemunha que “os fiéis na praça estão admiravelmente tranquilos”. “Rezam, conversam, almoçam e timidamente vão lançando nomes… quase todos os que a comunicação social também tem projetado”. O sacerdote relata existir “um ambiente de contida alegria”. “Todos sabemos que brevemente teremos Papa. Hoje? Amanhã? Quando Deus quiser!”, realça, acrescentando: “Sabemos que Jesus não falha à Sua promessa, por isso, não olhamos apenas para a chaminé, olhamos sobretudo para a frente!”.

“Que seja amigo de Jesus”

“O Papa é o Papa! No nosso coração existe já um lugar para ser preenchido com um nome que é sobretudo uma missão. Aqui na praça muitos conversam sobre isso… sobre o essencial de um Papa”, acrescenta, contando ter sido esta manhã entrevistado por uma jornalista da BBC de Londres. “Perguntou-me: — O que lhe parece ser essencial na pessoa e na missão do Papa? Respondi-lhe: — Que seja um bom e grande amigo de Jesus, a partir daí a Igreja, o mundo e tantas fraturas sociais e humanas serão sempre olhadas com olhar de céu, com o olhar misericordioso de Deus”, relatou.

O sacerdote algarvio confirma que “a Igreja está na expetativa e em oração”. “Que bom que é assim. Num mundo onde o instantâneo teima em tomar o lugar do essencial paramos diante de uma chaminé e aguardamos um sinal de fumo… e que grande sinal este! Se verei o fumo branco a sair? Só Deus sabe, ainda assim, faço parte de todos os que já sabem que o próximo Papa é um dom de Deus e por isso temos motivos para a esperança, também a ele, Jesus continua a dizer como no evangelho do passado domingo: «Segue-me»”, conclui o sacerdote numa alusão à passagem bíblica do Evangelho segundo São João (Jo 21, 22), desejando “que o novo Papa seja um forte sinal de unidade!”.