"Apesar de afirmar que a atividade turística é o motor do desenvolvimento regional, a verdade é que persiste em continuar a ignorar o setor do turismo em matéria de apoios financeiros", lê-se numa nota enviada à agência Lusa pela Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Para a AHETA, o Quadro Comunitário de Apoio 2014/2020 "confirma a eterna falta de entendimento sobre a substância do turismo do Algarve na economia regional (…) por parte dos mais altos responsáveis do país".

"Ouvir os parceiros mas não considerar as suas propostas é revelador de um autismo a toda a prova e, sobretudo, perigoso para o futuro do Algarve", lê-se no documento.

Segundo a associação hoteleira, a progressiva perda de competitividade da atividade turística tem resultado de fatores externos impostos às empresas, entre os quais "o aumento da carga fiscal, falta de política de transporte aéreo e gestão aeroportuária direcionada para o turismo, promoção desajustada e/ou insuficiente e baixa produtividade".

"O turismo, enquanto maior setor exportador de bens e serviços nacional, é o único que paga IVA, continuando a não dispor de fundos significativos para a sua promoção externa, contrariamente a setores de atividade menos estratégicos da economia", sublinhou.

A AHETA sublinha que não está contra a necessidade de apoiar outras atividades regionais, mas "recusa aceitar que isso seja feito à custa e contra o turismo, invocando um modelo esgotado e/ou em nome de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo como pretendem os promotores do PAR – Plano de Ação Regional".

Para a associação hoteleira, o Algarve e a indústria turística "foram hostilizados no passado em matéria de sistemas de incentivos, tendo esta estratégia sido a principal responsável por muitos dos desequilíbrios existentes ao nível da oferta turística".

De acordo com a AHETA , o Algarve é a região do país que "mais perde em matéria de verbas alocadas", sendo os montantes inferiores aos do anterior QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), conforme decorre do estatuto de região de transição atribuído pela União Europeia às regiões cujo PIB per capita oscila entre os 75% e os 90%.

"Neste contexto, não é possível gerar os consensos alargados sobre as prioridades e as questões decisivas para o desenvolvimento da região, contrariamente ao pretendido pelos organismos responsáveis pela preparação do Plano de Ação Regional", realçou.

A maior associação de hoteleiros do Algarve critica ainda o Plano de Ação Regional, porque o mesmo "aposta preferencialmente na formação de recursos humanos para combater o desemprego, mas esquece a necessidade de qualificar as empresas para estas poderem absorver esses trabalhadores".

Lusa