Por outro lado, D. Manuel Quintas destacou também que “o importante de vida não é a quantidade de anos que possamos viver”. “A vida vale, sobretudo, pela intensidade e qualidade de amor que caracteriza os muitos ou poucos anos que vivemos. A vida é, por excelência, esse dom que Deus nos concedeu que depois se multiplica, ramifica e surgem muitos outros dons”, afirmou, referindo a importância da defesa e promoção da vida “em todas as situações e circunstâncias, desde a conceção até à morte”.
O prelado quis ainda “louvar a Deus” pelo “dom do sacerdócio” concedido ao cónego monsenhor Sezinando Rosa – o sacerdote mais idoso e simultaneamente o que foi ordenado há mais tempo em todo o país de entre os cerca de 3400 presbíteros diocesanos e de muitos mais membros dos vários institutos religiosas existentes em Portugal – “pelo ministério que ele exerceu, não apenas ao serviço desta Igreja do Algarve mas da Igreja em Portugal”. D. Manuel Quintas lembrou os anos em que o aniversariante foi diretor do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa, secretário geral da Universidade Católica Portuguesa, administrador da Rádio Renascença e secretário geral da Ação Católica de Portugal.
O bispo do Algarve destacou, por isso, a “dimensão de universalidade” do sacerdócio, evidenciada pelo exercício do ministério do monsenhor Sezinando Rosa, que “não se deve restringir a uma paróquia ou Igreja local mas a toda a Igreja”, e salientou a forma como o mesmo foi vivido ao serviço da Igreja diocesana do Algarve, “de tantas maneiras e formas”e “até ao limite das suas capacidades e forças”. “Nestes 11 anos, em que estou no Algarve, vi no monsenhor Sezinando um estímulo muito grande para o meu ministério, nomeadamente quando ele, já limitado na saúde, se ofereceu a D. Manuel Madureira Dias para aquilo que dele quisesse dispor”, testemunhou D. Manuel Quintas, referindo-se à disponibilidade do aniversariante para assumir a paroquialidade da Guia em colaboração com o diácono Luís Galante em 2002.
O bispo diocesano, que apelou à oração pelo clero e por novas vocações no Algarve, lembrou ainda o “otimismo, entusiasmo e olhar para a frente sem receio das dificuldades” do monsenhor Sezinando Rosa, bem como a “comunhão” que preserva com a Igreja local. “Apesar de limitado na sua ação, o coração continua com o mesmo vigor, fulgor e entusiasmo ao serviço da Igreja. Muito obrigado pelo seu testemunho de vida”, agradeceu.
Antes do final da Eucaristia, em que se cantou os parabéns, o aniversariante agradeceu a presença de todos os que se quiseram associar à celebração e destacou o testemunho de fé, comunhão e unidade da Igreja, simbolizada na presença de tantos fiéis e membros do clero algarvio em nome do qual se dirigiu a D. Manuel Quintas: “queremos dizer-lhe: aqui estamos, senhor Bispo, para colaborar com o coração aberto”.
À entrada para a igreja disse aos jornalistas que o interpelaram que não tem “más memórias” e que Pio XI foi o Papa que mais o marcou. Garantiu ainda que a Igreja de hoje é muito diferente da da altura em que foi ordenado. “Hoje é uma Igreja mais viva que acompanhou os tempos”, concretizou, rejeitando que haja falta de fé entre as pessoas. “Agora há mais sentido de responsabilidade da fé”, disse.
O sacerdote centenário da Diocese do Algarve, membro do Cabido Catedralício da Sé de Faro, é natural de Vila Real de Santo António, onde nasceu no dia 20 de julho de 1911 e foi ordenado a 15 de setembro de 1934, tendo celebrado a sua missa nova no dia 23 do mesmo mês.
O cónego monsenhor Sezinando Rosa, que desde o seu nascimento foi contemporâneo de 9 Papas e 8 bispos do Algarve e que desde que foi ordenado já deveu obediência a 7 Papas e 7 bispos do Algarve, foi ainda vigário geral e vigário episcopal para a Pastoral Social da Diocese do Algarve, pároco de Alcantarilha e administrador paroquial da Guia.