
Depois de ter sido incluída, nos últimos dois anos na Jornada Teológico-Pastoral que incluiu também as dimensões bíblica e sociocaritativa, a Jornada de Pastoral Litúrgica da Diocese do Algarve voltou a realizar-se em separado no passado sábado.
A formação, promovida pelo Departamento Diocesano da Pastoral Litúrgica sobre o tema “Liturgia e Espiritualidade: «Por Cristo, com Cristo e em Cristo», teve lugar no Centro Pastoral de Pêra com a participação de cerca de 150 pessoas de todo o Algarve.
O encontro destinou-se, sobretudo, a agentes de algum serviço litúrgico nas paróquias – leitores, ministros extraordinários da comunhão, animadores da assembleia dominical, cantores, músicos e acólitos –, com particular incidência para os membros de grupos corais e salmistas e para os responsáveis pela defesa e promoção do património paroquial.

Na abertura da iniciativa, o bispo do Algarve considerou o tema da mesma “muito central, fulcral e convergente de toda a liturgia”. “A liturgia sem espiritualidade será um gesto vazio, palavras loucas, sem sentido, sem conteúdo”, advertiu D. Manuel Quintas, lembrando que, de certa maneira, as duas dimensões “complementam-se, complementam-se, enriquecem-se mutuamente, existem uma para a outra e não podem ser vistas de modo separado”.
Do programa constaram três conferências, a primeira apresentada pelo padre Flávio Martins sobre o tema “Presença e Celebração da Palavra na Liturgia”, a segunda apresentada pelo padre Carlos de Aquino sobre o tema “O espaço litúrgico como experiência mistagógica” e a terceira apresentada pelo padre Nelson Miguel sobre o tema “A música litúrgica – expressão de fé de uma assembleia orante”.

O primeiro orador lembrou que as leituras bíblicas ajudam a compreender a liturgia e disse que “não há hábitos de leitura da sagrada escritura entre os cristãos”. “A palavra de Deus ajuda-nos a entender e a viver o valor essencial da ação litúrgica”, destacou o sacerdote.

O segundo formador lembrou que a igreja-edifício remete para o que lá é celebrado. “O espaço litúrgico é, na verdade, um lugar simbólico na medida em que nos remete também para outra realidade: a do inefável, do transcendente, na perspetiva cristã do mistério de Cristo”, explicou o padre Carlos de Aquino, ressalvando que “Deus não habita em templos construídos pelas mãos humanas”. “Habita na sua comunidade, na casa de «pedras vivas»”, complementou.

O terceiro conferencista realçou que o canto litúrgico é “veículo da oração”. O padre Nelson Rodrigues, que percorreu um século de pronunciamento da Igreja sobre o tema da música litúrgica, afirmou que “o canto serve para conduzir à oração e conduzir a própria oração até Deus”.