Na eucaristia na igreja de São Luís, em Faro, na qual participaram cerca de 2000 pessoas, maioritariamente oriundas das paróquias de origem dos ordenados, o bispo do Algarve sublinhou o sentimento de “louvor, gratidão e ação de graças” da Igreja algarvia pelo acontecimento.
A mensagem central de D. Manuel Quintas destinou-se, particularmente, aos ordinandos a quem alertou para os perigos de um ministério exercido sem ter na oração a sua base de sustentação. “A uma oração ocasional e superficial corresponde, habitualmente, uma fé débil e um ministério vazio, ainda que se apresente sob a forma de abundante ramagem, variada nas suas formas e floreada nos seus apelos, daí resultando um ministério de menor alegria e insuficiente felicidade que não pode preencher a vida quotidiana de um sacerdote”, advertiu o prelado.
O bispo do Algarve alertou que “a ausência de oração leva o presbítero a perder e a desencontrar os passos de Cristo, ficando cada vez mais para trás e mais distante, até perdê-l’O de vista, caminhando sem rumo, ainda que todos os dias fale d’Ele e aja em seu nome”. “Sem o alimento essencial da oração, o discípulo não encontra forças para seguir o Mestre e assim desfalece por fraqueza espiritual e, consequentemente, o seu rebanho dispersa-se e desaparece”, sustentou.
D. Manuel Quintas considerou, então, que “a oração, apoiada na fé e alimentada pela palavra, deve ocupar, necessariamente, um lugar central” na vida do presbítero, “como meio diário de cultivar a intimidade com o seu Mestre e modelo de vida e de serviço à Igreja que é Jesus Cristo”. “O presbítero, para ser fiel a Cristo e à comunidade, é chamado a ser homem de fé e de oração, decidido a cultivar diariamente a intimidade com o Senhor, apoiado e confortado igualmente pela oração de toda a comunidade para que o Espírito [Santo] reacenda no seu coração a paixão e o encontro por Cristo, pelo evangelho, pela Igreja e por aqueles que são confiados ao seu ministério”, complementou.
O bispo do Algarve, que começou por explicar que “o ministério ordenado não é um direito apoiado no mérito ou conquista pessoais, mas antes chamamento e dom de Deus”, agradeceu às famílias dos ordenados. “A entrega dos vossos filhos a Deus e à nossa Igreja também reverterá em abundância de dons, de alegria e de felicidade para cada um de vós”, afirmou.
D. Manuel Quintas considerou ainda que o mundo de hoje reclama da Igreja que lhe mostre o “rosto paterno de Deus” revelado por Cristo e desafiou a uma “maior consciência da importância da vocação e missão do sacerdote na Igreja e no mundo de hoje, em fidelidade a Cristo e à identidade própria do ministério ordenado”. “Ser na Igreja e para a Igreja, imagem real, viva e transparente de Cristo sacerdote, eis o grande apelo que renovo hoje a todos no sacerdócio”, exortou, dirigindo-se aos muitos sacerdotes presentes (incluindo vários das vizinhas dioceses de Beja e Évora).
O prelado desafiou ainda os jovens presentes à vocação de consagração. “Abri o vosso coração e a vossa vida a Cristo. Não tenhais medo d’Ele. Não recuseis os desafios que Ele semeia no vosso coração. Não vos considereis, à partida, excluídos do dom do ministério ordenado. Cristo quer contar convosco. A nossa Igreja diocesana precisa de vós”, afirmou, pedindo ainda a todos os presentes que não esmoreçam na oração pelas vocações consagradas.
Após a homilia, a celebração prosseguiu com o rito da ordenação do diácono Nuno Coelho, de Lagoa, e dos padres Miguel Ângelo Pereira, de Tavira, e Vasco Figueirinha, de Ferreiras, constituído por alguns gestos significativos, mas que teve como momento mais importante o da ordenação propriamente dita com a imposição das mãos do bispo diocesano sobre os ordinandos.
Um dos gestos significativos foi a colocação das mãos dos ordinandos nas mãos do bispo, um gesto de comunhão e de unidade, prometendo-lhe obediência e reverência enquanto sucessor dos apóstolos, sinal e garante da unidade da Igreja e desta com a Igreja de Roma.
Os outros momentos de destaque aconteceram já depois das ordenações com os recém-ordenados a serem revestidos com as vestes diaconais e sacerdotais, recordando que, antes de mais, se devem continuar a revestir de Cristo. Este foi um momento particular de emoção para os ordenados.
Ao diácono foi-lhe entregue o livro dos evangelhos que agora, de modo particular, têm a missão de anunciar, mas sobretudo de amar e viver, e, aos sacerdotes, foi-lhes entregue a píxide e o cálice.
Igualmente significativos foram os abraços aos restantes diáconos e padres presentes, o serviço ao altar prestado pelo novo diácono e a concelebração eucarística já participada pelos novos padres, a que se associaram os restantes.
Os dois novos padres continuarão a trabalhar nas paróquias em que já colaboravam: o padre Miguel Ângelo Pereira, de 31 anos, na matriz de Portimão e Nossa Senhora do Amparo e o padre Vasco Figueirinha, de 25 anos, nas paróquias de São Tiago e Santa Maria de Tavira. O diácono Nuno Coelho, de 37 anos, também manterá a sua colaboração nas paróquias de Quelfes e Olhão.
O padre Vasco Figueirinha celebrou ontem a sua Missa Nova na paróquia de Ferreiras e o padre Miguel Ângelo irá celebrar no próximo domingo (16 de dezembro), às 16h, na igreja paroquial de Santa Maria de Tavira.
Samuel Mendonça