Esta certeza foi mesmo confirmada à Agência Ecclesia pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) poucos minutos depois de o Papa ter deixado o solo português quando classificou o final da visita como um “momento de grande responsabilidade”. A mensagem que o Papa deixou deve ser “analisada e estudada fazendo com que as orientações passem para dioceses e para o programa que a CEP vai ter de concretizar nos próximos tempos”, acentuou D. Jorge Ortiga, que confirmou que “a Assembleia Plenária de Junho da CEP “deverá apresentar alguns resultados da visita”.

Logo no encontro do Papa com os Bispos de Portugal, no dia 13 de Maio em Fátima, o presidente da CEP sublinhou que os bispos portugueses querem dar “prioridade à fé como encontro com o Ressuscitado” e “caminhar para um novo estilo de vida, marcado pelo compromisso e pela paixão” ao país, que necessita de “uma urgente reevangelização”.

A CEP publicou entretanto uma mensagem onde promete «atenção» aos apelos deixados por Bento XVI. Os bispos asseguram que “as interpelações lançadas aos vários sectores da vida pastoral merecem cuidadosa atenção e serão acolhidas no modo de repensar e estruturar a Igreja”.

Já na Assembleia Plenária extraordinária de Junho, a CEP dará a conhecer “algumas linhas orientadoras, como itinerário sinodal proposto para repensar a pastoral em termos de uma unidade nacional, sem prejudicar as particularidades de cada diocese”.

Deste trabalho conjunto surgirá, até finais de 2011, um “Programa Pastoral como resposta aos novos desafios característicos da mudança civilizacional que estamos a viver”. “Os gestos de aproximação significaram a necessidade da Igreja ir ao encontro das pessoas como elas vivem e são”, indica o Conselho Permanente da CEP, que apela ainda a uma “renovação da qualidade de ofertas rituais, em ordem a assumirem, com fervor espiritual, os espaços da festa cristã”.

D. Jorge Ortiga denunciou no encontro com o Papa a existência de uma campanha que quer situar a Igreja Católica “no mundo dos retrógrados” e admitiu que as referências cristãs no país “começam a liquefazer-se”.

Na saudação que dirigiu a Bento XVI, o prelado sublinhou que “a par do progresso e modernidade”, o país é atravessado por “factores de perturbação”, como o “ateísmo”, “atropelos à vida e à instituição familiar”, “desnorte no plano ético” e “miséria social”.

Outra das vozes a falar ao Papa, em certo modo em nome da Igreja nacional, foi D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, quando afirmou, na saudação que dirigiu a Bento XVI no início da missa celebrada na Avenida dos Aliados, na baixa da cidade portuense, que a Igreja quer dar “sinais de vida e de esperança” que superem as dificuldades levantadas pelos problemas sociais e económicos e pela indefinição cultural.

Já anteriormente, no contexto do encontro do Papa com os agentes da cultura, em Lisboa, no dia 12 de Maio, D. Manuel Clemente reconhecera “as dificuldades levantadas à reflexão e à ponderação – à cultura, propriamente dita – pela velocidade, para não dizer a vertigem, com que hoje nos podemos distrair, de tópico em tópico, sem definir nem aprofundar propriamente nada”.

No Porto, o prelado concordou com a principal exortação do Papa na visita ao país – ao testemunho cristão – considerando que esta realidade “hoje se torna particularmente necessária e da maior urgência” e prometeu a Bento XVI que a Igreja vai responder à necessidade de se converter “sempre mais”. “Estai certo, Santo Padre, de que acolhemos o vosso apelo, dispondo-nos a corresponder-lhe com redobrado acatamento”, disse.

Também D. Manuel Quintas considerou à FOLHA DO DOMINGO que “é hora de pegarmos na mensagem que nos deixou e debruçarmo-nos sobre cada uma das suas intervenções, por forma a assimilarmos e aplicarmos as pistas que nos dá do ponto de vista pastoral”. “Certamente vamos fazer isso seja aqui na diocese, seja na própria CEP”, garante o Bispo do Algarve, aludindo a um “respiro novo” que diz sentirem as comunidades.

Redacção com Ecclesia