O bispo do Algarve considerou esta noite que o «sim» de Maria a Deus ensina “que a verdadeira liberdade se realiza no acolhimento de Deus e dos seus projetos”.
D. Manuel Quintas, que presidiu na Sé de Faro à missa da solenidade da Imaculada Conceição, defendeu que dispor-se “a cultivar uma relação filial de amor e amizade” com Deus “dá acesso à plenitude da vida, à vida em abundância que Cristo trouxe e quer que chegue a todos”.

“Acolher e seguir a Palavra de Deus como Maria não significa diminuir a nossa liberdade, perder a própria identidade e dignidade pessoal, mas sim entregar-se com autonomia e liberdade a um projeto de salvação de Deus para nós e para toda a humanidade”, afirmou o bispo diocesano, considerando que “Maria foi aquela que melhor experimentou esta salvação na entrega total ao dom oferecido”. “Ela é a imagem daqueles que se abrem ao mistério de Deus, realizado plenamente pela encarnação e pela obra redentora de Cristo”, sustentou.
O bispo diocesano acrescentou que “o «sim» de Maria” permite “entender melhor a realização do desígnio de Deus-Pai, quando considerado em contraste com a atitude de Adão e Eva”. “Adão e Eva somos nós. Está lá a nossa humanidade frágil que não está, tantas vezes, à altura de fazer opções que a contrariam, numa clara sujeição à ilusão da aparência e de soluções fáceis com a pretensão de ser como Deus e anular a sua presença e a sua ação na nossa vida”, sustentou.

O bispo diocesano acrescentou que a “obediência de Maria” e a sua “escuta, adesão e seguimento da Palavra [de Deus], é expressão da fé, da confiança filial, do abandono e entrega de si mesmo”. “Pelo seu «sim», a Palavra de Deus entra na história da humanidade, já que em Jesus, Verbo de Deus encarnado, se inaugura um tempo novo de graça e liberdade para todos os filhos de Deus”, prosseguiu, considerando que “com o seu «sim», Maria abriu a humanidade e o mundo ao advento do Deus Redentor”. “Maria indica-nos o caminho que nos conduz ao seu filho Jesus e se nos revela como fonte de alegria, vida e de esperança”, disse também.
“A liturgia da Igreja oferece-nos anualmente em tempo de advento – como apoio e garantia de um caminho de verdade e de fidelidade na preparação do Natal – a celebração da solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, celebração que constitui sempre para nós motivo de louvor e de alegria. Evocamos com toda a Igreja este privilégio único concedido por Deus a Maria e honramo-la e veneramo-la enquanto portugueses como nossa padroeira e rainha, presente nesse gesto secular de D. João IV: a coroação da Imaculada Conceição”, afirmou D. Manuel Quintas, lembrando estarem a ser celebrados os 375 anos desse gesto de que é testemunha o santuário nacional de Vila Viçosa.

“A palavra de Deus deste dia convida-nos a prosseguir este caminho de Advento com o olhar fixo em Maria e o coração aberto para acolher, através dela, o Emanuel, o Deus-Connosco, enviado do Pai. Prossigamos todos este caminho privilegiado de Advento. Dediquemos algum tempo para parar, para discernir, para ponderar, mas também para decidir à luz do Espírito sobre o que é verdadeiramente essencial de uma vida renovada pelo amor de Deus, acolhido e assumido de modo mais consciente com a celebração de cada Natal”, concluiu.