Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Foi inaugurado, no passado sábado, pelo bispo do Algarve o novo retábulo da capela-mor da igreja matriz da paróquia do Ameixial numa eucaristia que contou com a participação do ministro da Cultura Luís Castro Mendes com raízes familiares naquela aldeia.

O pároco daquela paróquia do interior do concelho de Loulé contou ao Folha do Domingo que até aos anos 30 do século passado terá existido na igreja matriz um retábulo em talha dourada que, por se encontrar em avançado estado de degradação devido às infiltrações de água na cobertura, terá sido destruído porque “não havia sensibilidade para o restauro”.

O padre Carlos Matos conta, por outro lado, que “quando alargaram a Estrada [Nacional 2] cortaram cerca de dois metros e meio da capela-mor”, tendo o que restou sido “substituído por um altar em estuque que começou a cair”.

Na eucaristia, o prior lembrou que a construção de um novo retábulo era um “sonho há algum tempo já projetado” e que só “com o encontro e a vontade das pessoas foi possível torná-lo realidade”. “A Câmara [de Loulé] soube, desde a primeira hora, interpretar o sentir das pessoas do Ameixial”, acrescentou o sacerdote.

A obra, que incluiu também para além do novo sacrário um novo altar, ambão e cadeira da presidência, custou cerca de 80 mil euros e, segundo o pároco, foi paga pela Câmara de Loulé. A autarquia colaborou ainda no restauro de 12 peças de imaginária. Entre as imagens recuperadas estão as de Nossa Senhora do Amparo (século XVIII), Nossa Senhora do Rosário (século XVII), Senhor Crucificado (atribuído ao século XVI) e do Arcanjo São Miguel (século XVIII).

“Os nossos antepassados viveram, rezaram, sentiram a espiritualidade e, de alguma forma, quiseram trazê-la até nós. Cabe-nos a nós ser guardiães deste tesouro que eles nos deixaram, melhorá-lo, aperfeiçoá-lo para aqueles que vêm depois de nós também poderem continuar essa missão”, afirmou o padre Carlos Matos, considerando que a obra só se tornou possível graças à colaboração de todos.

Também o bispo do Algarve destacou o “papel decisivo” da Câmara de Loulé naquela e noutras obras. “É uma das câmaras que mais tem apostado na recuperação do património e eu sei bem, como bispo desta diocese, o investimento que tem sido feito nas igrejas deste concelho de uma maneira muito oportuna e eficaz”, afirmou D. Manuel Quintas, reforçando a igreja paroquial do Ameixial como uma “referência cultural de vida e de sucessão de gerações na transmissão da fé”.

A celebração, que teve início com a bênção e aspersão da água, prosseguiu com as bênçãos do ambão, do sacrário e do altar, que por ser de madeira e não de pedra, não foi dedicado.

Depois da eucaristia, que para além do bispo, do pároco e do ministro contou ainda com as presenças da diretora regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, do presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, e do presidente da junta de freguesia local, José Carrusca, procedeu-se ao descerramento da lápide que ficou a assinalar aquelas obras de requalificação.

A tarde continuou com a procissão em honra do patrono da paróquia, Santo António, pelas principais ruas da aldeia e, no regresso à igreja, procedeu-se à bênção do “pão de Santo António”.

O dia terminou com a festa no largo da igreja com comes e bebes.

O retábulo em talha dourada foi realizado por uma empresa de Braga segundo o traço de José António Moreira de Sousa.

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