O incêndio, que deflagrou a 18 de julho na localidade de Catraia, em Tavira, alastrou-se depois ao concelho vizinho, consumindo uma vasta área de floresta durante cerca de quatro dias e provocando a destruição de habitações.
De acordo com a avaliação apresentada pela Proteção Civil e pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a negligência foi a causa mais frequente das ocorrências registadas no distrito, seguida por queimadas agrícolas, problemas com linhas elétricas e fogueiras.
“Portugal é um país mais de negligência do que de piromania”, afirmou o comandante operacional distrital, Abel Gomes, acrescentando que a “prevenção tem de ser superior ao combate”.
O reforço da proteção preventiva das habitações é uma das medidas apontadas como necessárias pelo responsável: “Se não tivermos de empenhar meios na proteção de casas, temos mais meios disponíveis para fazer o combate direto às chamas”.
Em declarações à Lusa, António Miranda, responsável pela Direção de Florestas do Algarve, organismo que está em fase de reestruturação, explicou que duas das maiores dificuldades na prevenção dos incêndios florestais no distrito são a falta de cadastro de muitas propriedades e a pequena dimensão da maioria dos terrenos.
Para o responsável, a solução pode passar por um associativismo de proprietários que permita uma gestão florestal conjunta mais eficaz.
Embora tenha negado a existência de falhas no combate ao incêndio de Tavira e São Brás de Alportel, Abel Gomes assumiu a responsabilidade da deslocação de alguns meios e operacionais para combater um incêndio que ocorreu em simultâneo no concelho de Castro Marim.
O comandante justificou a decisão pela necessidade de apagar o incêndio em Castro Marim antes que tomasse proporções tão preocupantes como as verificadas no incêndio de Tavira e São Brás de Alportel.
Abel Gomes disse nunca ter ponderado demitir-se por considerar que todos fizeram o que tinha de ser feito perante as informações de que dispunham para trabalhar.