Foto © Luís Forra/Lusa

O Algarve teve, até 31 de outubro de 2016, um total de área ardida de 5.800 hectares, valor dez vezes superior ao registado em 2015, mas que resultou sobretudo de apenas três ocorrências, indicou hoje a Proteção Civil.

Entre 01 de janeiro e 31 de outubro arderam 5.801 hectares, mais 91,8% do que a área ardida em 2015, que foi de 474 hectares, referiu o comandante do agrupamento distrital de Faro, sublinhando que 98% da área ardida resultou dos incêndios de Perna Seca, em Silves (1.782 hectares), da Fóia, em Monchique, que se alastrou a Portimão (3.745 hectares) e de Almarjão, em Silves (150 hectares).

“Face à severidade meteorológica que se registou e atendendo ao histórico das áreas afetadas, podemos dizer que foi um ano bom e que o resultado é muito positivo”, disse à Lusa Vítor Vaz Pinto, à margem do balanço dos resultados referentes ao Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais (DECIF) 2016, hoje apresentado em Faro.

Segundo os dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), no Algarve, a partir do mês de agosto, os valores de severidade meteorológica foram superiores à média dos últimos 16 anos e aos valores registados em 2004, ano em que arderam 40.181 hectares na região e que foi um dos piores das últimas décadas.

Os mesmos dados apontam para a existência de 463 ocorrências, de 01 de janeiro e 31 de outubro deste ano, o que corresponde a uma diminuição de 19,2% face a igual período em 2015, contabilizou a ANPC.

Das 463 ocorrências registadas, 192 foram falsos alarmes e 271 foram incêndios, sendo que apenas dez não foram dominados no ataque inicial, isto é, nos primeiros 90 minutos de incêndio.

Os incêndios foram todos investigados pela GNR, que concluiu ter havido uma diminuição das causas negligentes, de 34% em 2015 para 29% em 2016, mas, em contrapartida, um aumento das causas intencionais, de 8% em 2015 para 13% em 2016.

Para Vítor Vaz Pinto, a diminuição do número de ignições, que se tem verificado de ano para ano, resulta não só do empenho das forças de segurança e de proteção civil envolvidas no dispositivo, mas também da alteração do comportamento da população.

“A alteração de comportamentos de risco face ao passado é notória e tem-se refletido numa redução sustentada do número de ignições”, referiu, apelando a que as pessoas tomem medidas de autoproteção.

Este ano, foram detidos dois homens em flagrante delito pela prática de crime de incêndio florestal, um em Loulé e outro em Monchique, tendo sido, no total, constituídos arguidos 33 homens, pelo mesmo crime.

O dispositivo para 2016 manteve a aposta na formação e na qualificação dos recursos humanos, realizando 29 ações, num total de 754 horas de formação/treino operacional, com o envolvimento direto 448 operacionais do Algarve.

Houve também um reforço de financiamento de 331.560 euros, assegurado equitativamente por todos os municípios do Algarve e que permitiu pagar mais 15 euros por dia a cada bombeiro e reforçar os 45 euros que já eram pagos pela ANPC, colocando o valor pago por dia em 60 euros.

Os municípios com maior número de ignições foram Silves, Loulé, Olhão.