Levantar o queixo à criança para libertar as vias aéreas, fazer cinco insuflações para reativar a respiração da criança em caso de afogamento numa piscina ou banheira, ou proceder à respiração boca a boca com as 30 compressões junto do tórax e duas insuflações são algumas das manobras que os enfermeiros da urgência pediátrica do Hospital de Faro ensinaram hoje a jovens pais que participaram no primeiro curso de Suporte Básico de Vida Pediátrico, denominado "Aprenda a salvar o seu filho".
“O primeiro minuto de suporte básico pode salvar a vida da criança e por isso é essencial que seja iniciado ainda antes de ligar para o 112”, alerta José Neutel, o enfermeiro que iniciou o primeiro curso de Suporte Básico de Vida hoje em Faro.
Em declarações à Lusa, a mãe Isa Anselmo, que salvou há dois anos o próprio filho de 14 anos, vítima de um traumatismo torácico, com as manobras do suporte básico de vida, afirma que decidiu receber esta formação para perceber melhor o que já havia feito num momento de tensão e angústia.
“Senti necessidade de perceber bem o que fiz quando tive de fazer o suporte básico de vida para salvar o meu filho e quero aprender para poder ajudar a salvar em caso de necessidade”, afirmou Isa Anselmo, a viver em Quelfez, Olhão.
Cerca de 20 pessoas assistiram hoje ao curso de suporte básico de vida. A maioria são jovens pais que tiveram o primeiro filho recentemente e que vêm para ter conhecimentos e atuar em situações de afogamentos ou obstrução das vias respiratórias, explicou José Neutal, reconhecendo que as técnicas de suporte básico de vida pediátrico devem ser executadas de imediato e podem contribuir para reverter a situação.
A vigilância constante e a proteção das piscinas com barreiras são, todavia, os primeiros passos para prevenir afogamentos de bebés e crianças, frisou o enfermeiro.
Os cursos de Suporte Básico de Vida Pediátrico têm a duração de um dia, são gratuitos, e repetem-se todos os sábados de julho e agosto no Hospital Central de Faro, tendo o objetivo de minimizar o flagelo que são os afogamentos no Algarve, principalmente no verão.
Na época balnear de 2009, o Hospital Central de Faro atendeu 13 crianças vítimas de afogamento, das quais resultaram duas vítimas mortais.
O afogamento é a segunda causa de morte acidental nas crianças, ultrapassada apenas pelas mortes em acidentes rodoviários, segundo dados da UNICEF de 2001.
A Associação Portuguesa de Segurança Infantil (APSI) estima que em 2009 morreram 17 crianças em Portugal por afogamento.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da APSI, Sandra Nascimento, disse que, numa análise preliminar feita ao ano de 2009, estima-se em 17 o número de vítimas, uma média semelhante ao registado anualmente no período 2005-2008.
Para reduzir o número de afogamentos mortais de crianças, a APSI considera essencial que seja aprovado rapidamente o projeto lei que regulamenta a construção e utilização de piscinas em casas particulares.
Lusa