Segundo a mesma fonte, está neste momento em curso uma carta rogatória que, depois de recebida, pode levar à conclusão do inquérito – agora sob a alçada do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora -, a curto prazo.

Já passou quase um ano desde que o Ministério Público abriu um inquérito ao caso dos doentes da clínica I-QMed, operados aos olhos a 20 de julho do ano passado, mas até agora o clínico que os operou ainda não foi constituído arguido.

O último desenvolvimento do processo remonta a setembro, altura em que a Ordem dos Médicos decidiu suspender preventivamente o oftalmologista Franciscus Versteeg por haver “provas de prática médica grosseira”.

Para o advogado dos quatro doentes, António Vilar, a dedução de acusação contra o médico pode estar atrasada devido à dificuldade em notificá-lo já que o clínico terá alegadamente regressado à Holanda.

Dos quatro doentes, três idosos submetidos a cirurgia para as cataratas ficaram irremediavelmente cegos de um olho.

A mulher de 35 anos que fez uma operação para colocar lentes intraoculares nos dois olhos ficou apenas a ver sombras.

Maria do Rosário Barradas, filha de um daqueles idosos, contou à Lusa que desde o ano passado que não é informada de nenhum desenvolvimento no processo.

O pai, Ernesto Barradas, de 84 anos, perdeu o globo ocular direito após o tratamento na clínica de Lagoa e mal vê do olho esquerdo.

António Vilar anunciou no início do ano que iria avançar com uma ação contra o Estado português por ter permitido que a clínica funcionasse sete anos sem licença.

A esta soma-se uma ação penal por ofensa à integridade física grave contra o médico e um pedido de indemnização por danos decorrentes de ato ilícito.

Na página da I-QMed na Internet, encerrada desde o sucedido, lê-se que a atividade da clínica foi suspensa “contra a vontade” do médico.

“Acatamos as medidas emanadas pelas entidades competentes e aguardamos pela conclusão dos inquéritos”, refere Franciscus Versteeg, numa publicação de outubro.

O clínico terá regressado à Holanda onde está também a ser investigado por queixas apresentadas por doentes tratados nos últimos dois anos.

Lusa