As pérolas foram encontradas em dois exemplares da espécie Crassostrea, considerada a pérola autóctone de Portugal, um dos quais tinha quatro pérolas com um diâmetro inferior a 2 milímetros (mm) e outro tinha uma pérola com cerca de 5 mm de diâmetro e 190 miligramas de peso.
Os dois exemplares estavam entre as cerca de 800 ostras apanhadas em diferentes locais no Algarve, entre a Ria de Alvor e o Rio Guadiana, passando pela Ria Formosa, que constituíram a amostra deste estudo da Estação Experimental de Moluscicultura de Tavira do IPIMAR (Instituto de Investigação das Pescas e do Mar) com a colaboração do Centro de Ciências do Mar da UALG.
“Até aqui não temos conhecimento de qualquer exemplar com o tamanho de 5 milímetros nesta espécie, nem nós nos últimos 10 anos nem qualquer das equipas que investiga ostras há mais de 30 anos em Portugal”, reforçou o investigador.
Revelou que se trata de pérolas de cor creme, mas menos brilhantes do que as que são capturadas ou produzidas em cativeiro para aproveitamento comercial.
Entre os projetos mais próximos da equipa, está a descoberta das razões da produção de pérolas naqueles dois espécimes e, depois, a tentativa de produzir pérolas em cativeiro.
Este fenómeno é frequente noutras espécies de bivalves – ostras perlíferas da família Pteriidae -, podendo as pérolas atingir um elevado valor comercial.
As pérolas são produzidas por moluscos bivalves e constituem uma reação defensiva do hospedeiro a corpos estranhos, tais como parasitas ou partículas inertes.
O corpo estranho é coberto por várias camadas, sendo estas constituídas essencialmente por carbonato de cálcio sob a forma de cristais de aragonite.
Nas produções em cativeiro os corpos estranhos são colocados por mãos humanas nos moluscos, de forma a que eles produzam pérolas.
Além da espécie Crassostrea, a mais comum e consumida no país, existem em Portugal as espécies japonesa (ou asiática), plana e redonda.