Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Isabel Jonet veio no passado sábado ao Algarve defender que a família deve ter a “capacidade de ver diferente para poder dar um testemunho diferente”.

“O testemunho diferente é aquele que é necessário para tocar outras pessoas”, realçou a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, aludindo à necessidade de conseguir “ver aquilo que outros não veem” e de “simplificar”. “Para podermos dar testemunho temos de estar alerta. Andamos tão ocupados, até em realizar aquilo a que nos propomos com programas e agendas apertados, que não temos sequer capacidade de olhar à nossa volta para ver se algo mais ou algo diferente pode ser feito”, lamentou.

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A oradora apresentou uma reflexão sobre o tema “Testemunhar o Evangelho da Família – o compromisso e o cuidado das famílias cristãs com a Sociedade” na Assembleia Diocesana que voltou a realizar-se no salão paroquial de São Pedro do Mar, em Quarteira, para apresentação do programa pastoral da Diocese do Algarve para 2019/2020.

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Isabel Jonet alertou, então, que o testemunho do evangelho em família se tem vindo a perder. Considerando que “as famílias perderam muito daquilo que são as suas características habituais”, acrescentou que esta circunstância faz com que as famílias não possam sequer testemunhar o evangelho à sua volta. “As famílias mudaram muito e as pessoas hoje têm menos tempo para poderem caminhar neste testemunho da vivência cristã e do amor em família, até porque deixaram de ter disponibilidade para conversar”, constatou.

“Perdemos força porque de alguma forma nos individualizámos, centrando-nos em nós próprios e perdendo o sentido do bem comum e, sobretudo, o despojamento e a humildade daquilo que podemos fazer se integrados num corpo maior que se identifica e comunga com Cristo”, acrescentou a conferencista, alertando para o “desafio enorme” que se coloca à Igreja de “conseguir reencontrar este caminho que leva a Cristo porque Cristo é amor”.

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“Onde é que falhámos para perdermos este sentido da família? Onde é que nos perdermos? Onde é que perdemos este corpo e onde é que deixámos de conseguir testemunhar juntos aquilo que é tão simples e tão fácil como é o amor?”, questionou, lembrando que através do evangelho se percebe que o amor é caridade pela qual passa o testemunho. “Se formos ao evangelho percebemos que a caridade é amor e amor é percebermos que somos mais felizes quando amamos porque nos despojamos, mas sobretudo porque reencontramos no outro (se nos pusermos à altura dele) aquilo que realmente nos completa”, sustentou, lamentando que hoje se procure esse complemento onde ele não está. “Hoje procuramos esse completar fora de nós, mas esquecendo que, fora de nós, os outros (e não as coisas ou os bens materiais) é que nos fazem felizes”, alertou.

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A conferencista, que exortou assim à “simplicidade” para “deixar fluir o amor”, considerou que “as famílias estão a falhar” e disse que “onde a falha é maior é neste saber dar testemunho sem medo”.

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Isabel Jonet referiu-se assim à necessidade de “reencontrar Cristo nas famílias”. “Isto significa tempo, disponibilidade e não aceitar tudo”, sustentou, desafiando a “ter valores que são transmitidos de uma forma coerente”.