Isabel Jonet, que partilhou a sua experiência de liderança à frente do BA, considerou que “o amor como critério de gestão são pessoas que se deixam tocar porque alguma coisa dentro delas é mais forte do que apenas o lucro ou a certeza de que a riqueza que é gerada é apenas material”. “Há uma confusão total entre riqueza verdadeira – que é aquela que permite desenvolver o país e que é feita com interesse pelo bem comum – e riqueza na aceção atual em que é dinheiro para os bolsos para comprar relógios Rolex de ouro ou Porches amarelos”, lamentou, considerando que “se não houver amor, atenção ao outro, despojamento de nós próprios, se não houver uma real vontade de contribuir para o bem comum, desde a mais pequena célula que é a própria empresa, se calhar nem sequer há sentido para as empresas”.

A oradora falava ontem à noite no Hotel Eva, em Faro, num jantar palestra promovido pelo núcleo do Algarve da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores.

Jonet lembrou que o BA conta diariamente com muitos voluntários, particularmente nas campanhas de recolha de alimentos participadas por cerca de 40 mil pessoas. “Temos voluntários que trabalham 8 horas por dia e que, quando não vão, telefonam a pedir desculpa e que marcam as férias porque sabem que são necessários”, testemunhou, acrescentando que o BA de Lisboa, o maior da Europa, de onde saem diariamente 44 toneladas de alimentos, tem 250 colaboradores, dos quais apenas 16 são assalariados.

Aquela responsável disse também que faz trabalho voluntário desde os 12 anos e que é voluntária do BA há 20 anos, tendo ajudado a fundar 19 dos 20 bancos que há hoje em Portugal, o primeiro dos quais fundado pelo comandante Vaz Pinto em 1991 a partir da ideia surgida nos EUA.

A presidente do BA referiu-se ainda à polémica que envolveu as suas declarações, em novembro do ano passado, na Sic Notícias, nas quais defendeu que os portugueses têm de “reaprender a viver mais pobres” e que “estamos a empobrecer porque vivíamos acima das nossas possibilidades”. “Não liguei nenhuma. O que me incomodou mais não foi que me atacassem, mas que, pela primeira vez desde o PREC, tivesse havido uma fratura esquerda/direita, tendo o BA como causador”, afirmou, considerando que “as pessoas, em Portugal, lidam pessimamente com a independência” porque “não sabem o que isso é”. “Têm de ser alinhadas com qualquer coisa e haver alguém que se diz independente, é algo perturbante na sociedade portuguesa”, complementou.

Samuel Mendonça