São já mais de 20 países aqueles que têm jovens interessados em vir para o Algarve na semana que antecede a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023, que terá lugar em Lisboa de 1 a 6 de agosto.
Canadá, Colômbia, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, França, Polónia ou Coreia do Sul são alguns dos que já contactaram o Comité Organizador Diocesano (COD) do Algarve para poderem vir para região algarvia nos designados ‘Dias nas Dioceses’, que ocorrerão na semana de 26 a 31 de julho de 2023. Vários enviaram mesmo delegações ao Algarve para encetar os contactos com vista ao seu acolhimento.
“Tem havido muito interesse. Já temos preenchido cerca de 60 a 70% das vagas que tínhamos limitado. Todos os dias surgem contactos de muitos países diferentes para saber o que é que estamos a preparar para os ‘Dias na Diocese’, o programa que estamos a definir, saber de meios logísticos importantes”, testemunha ao Folha do Domingo um dos coordenadores do COD.
João Costa explica que muitos dos pedidos surgiram após o encontro internacional de preparação da JMJ que teve lugar em Fátima em outubro passado. O COD procura agendar uma reunião com os interessados e manter o contacto. João Costa conta que “quase todos mostram interesse por virem para verem um pouco como é a diocese no seu dia a dia”.
O COD definiu em junho deste ano quatro centros de acolhimento na diocese algarvia — Portimão, Loulé, Faro e Tavira — com capacidade para acolherem até 10.000 jovens. João Costa explica que atingir esse limite significará a ativação do “plano B” que prevê o acolhimento dos visitantes em espaços municipais como escolas ou pavilhões. “O plano A será ficarem em famílias de acolhimento”, ressalva, sublinhando que ser recebido por uma família de acolhimento “é uma experiência que se leva para a vida toda e, muitas vezes, mais significante que todos os outros acontecimentos”. No entanto, se as famílias residirem fora daquelas cidades, implicará a necessidade de garantir o transporte diário dos jovens de manhã e ao final do dia.
João Costa considera a vinda de jovens de outras partes do mundo uma motivação para que os algarvios possam “ver que são pessoas concretas, com nomes concretos” e percebam “que essas pessoas existem e que querem vir ver como é que é ser algarvio e experienciar como é ser Igreja no Algarve”. “É a melhor motivação para eles, receberem-nos numa primeira fase e depois participarem com eles na JMJ, nesta riqueza que é ser Igreja universal”, declarou.
O bispo do Algarve destaca a importância de jovens de tantas partes do mundo terem escolhido a diocese para viverem a semana que antecede o encontro com o Papa. “É uma oportunidade única que não queremos perder no sentido de nos enriquecermos com o testemunho destes jovens, vindos de tantos países diferentes, com a sua cultura, as suas línguas, o seu modo de ser Igreja e de construir Igreja nos próprios países. Já vemos a riqueza que isso representa para nós, não apenas para os nossos jovens, mas também para as famílias que os acolherem, as comunidades paroquiais e para toda a nossa Igreja diocesana”, considera D. Manuel Quintas, lembrando que “o fundamento da fé é o mesmo: a pessoa de Cristo”.
Aquele responsável católico assegura que todos serão acolhidos “«as igrejas, as comunidades e as famílias abertas, mas também o com coração algarvio aberto”. “Vejo os jovens algarvios muito entusiasmados a preparar esses dias nas dioceses. Estou certo de que será um grande contágio de alegria. Queria deixar uma palavra de estímulo aos nossos jovens algarvios e às nossas famílias também no sentido de acolhermos com grande disposição estes jovens”, desenvolveu, pedindo aos visitantes que venham com vontade enriquecer os que cá estão.
Vários desses grupos interessados em viver no Algarve a semana anterior à JMJ enviaram mensagens em vídeo. Da Colômbia, os jovens que virão dizem ser não só de uma paróquia ou diocese. “Somos um grupo de irmãos na fé que partilhamos a experiência da evangelização através da catequese com muitos jovens das nossas cidades. Os caminhos do amor a Deus uniram-nos para este encontro com o Santo Padre”, introduzem, acrescentando que alguns já participaram em jornadas anteriores.
“Queremos continuar a participar neste encontro mundial dos jovens católicos em Lisboa em 2023. Mas para chegarmos prontos para Lisboa temos de nos preparar espiritual e socialmente. Por isso, seremos acolhidos nas belas terras do Algarve, através das suas incríveis e inspiradoras famílias. Só através do amor de Deus é possível que estranhos se convertam em irmãos e nos abram as portas para nos encontramos no Algarve”, referem, garantindo estar “gratos” por aos algarvios lhes abrirem as portas das suas casas. “Prometemos levar a Portugal todo o carinho e sabor da Colômbia. Algarve, Deus vos abençoe. Obrigado!”, concluem os colombianos.
Sara Angelucci, da Dinamarca, é a responsável pelo projeto DUK – Danmarks unge katolikker (Jovens católicos da Dinamarca), a única organização dinamarquesa daquele género. No vídeo conta estarem “muito entusiasmados em organizar a participação da Dinamarca na JMJ”. Sara Angelucci refere que “os católicos são, infelizmente, apenas 1% da população” no seu país e que, por isso, o grupo de peregrinos na JMJ será “muito pequeno”, mas “muito forte”.
Aquela responsável adianta que “uma das razões pelas quais” estão “entusiasmados em participar” é porque vão estar com o Papa, “algo pouco comum na Dinamarca”. Para além disso, também por poder “conhecer pessoas de todo o mundo”, por “contactar com outras culturas e estar com todas elas num único local para compartilhar, aprender e amar cada uma” e por “fazer parte desta peregrinação única” “que é o maior evento católico de juventude”. “Estamos muito entusiasmados em participar também nos ‘Dias nas Dioceses’ que nos dará a oportunidade de conhecer muito melhor a cultura portuguesa. É uma introdução, uma semana que nos ensinará a estar na semana seguinte com todas as pessoas. Obrigado por nos acolherem no Algarve. Estamos muito, muito felizes. Mal podemos esperar para conhecer as vossas lindas cidades”, refere ainda.
Brina, da Conferência Episcopal Eslovena, diz que a participação na JMJ será “uma grande oportunidade para levar os jovens a outros jovens que também acreditam, que têm os mesmos valores na vida”, para se tornarem “mais próximos” e crescerem “pessoalmente na fé”. “Queremos participar nos ‘Dias nas Dioceses’ porque queremos conhecer os portugueses e a cultura portuguesa, assim como outras pessoas que também vão participar nestes dias”, conclui, manifestando também o desejo de “conviver e conhecer as cidades algarvias”.
Da Arquidiocese de Montreal, no Canadá, chega a mensagem que aponta a vontade de “chegar a Lisboa para encontrar Jesus”, “para viver a experiência da Igreja universal” e “conhecer pessoas de todo o mundo”. “Escolhemos o Algarve como destino para os nossos ‘Dias nas Dioceses’ para descobrir e experienciar a cultura portuguesa, a riqueza da Igreja algarvia. Por causa das incríveis boas-vindas que deram aos nossos principais líderes, mal podemos esperar para vos conhecer”, referem os canadianos.
O vídeo dos jovens da cidade francesa de Nice, aponta no mesmo sentido. Gel diz querer “viver experiências com outros jovens cristãos”, “descobrir descobrir Portugal e uma nova cultura” e divertir-se com amigos, Eli, libanês, realça querer “conhecer novas pessoas” e a “sua cultura”, Alice testemunha estar “contente” por regressar a Portugal, concretamente ao Algarve e a Lisboa onde conheceu “pessoas maravilhosas”, Clemence conta que descobriu as JMJ em Cracóvia, Polónia, espera agora “experienciar novamente este tipo de amor, paz e liberdade, desta vez em Portugal”, um país que nunca visitou.
Também de França, mas da Diocese de Autun, o delegado diocesano para a JMJ, adianta que virá de Paray-le-Monial para o Algarve com 250 jovens acompanhados das relíquias de Santa Margarida Maria Alacoque, a vidente francesa que está relacionada com as origens e a história da moderna devoção ao Sagrado Coração de Jesus. O padre François Bouchard lembra Cristo apareceu à religiosa do Mosteiro da Visitação de Paray-le-Monial “para lhe mostrar o seu coração e desenvolver pelo mundo inteiro a importância de se converter ao coração de Jesus”. “A JMJ será um tempo de missão e conversão em que iremos, acompanhados das suas relíquias, como embaixadores do coração de Jesus. Partilharemos convosco os benefícios do coração de Jesus e esperamos que o Espirito Santo faça grandes coisas no vosso coração”, acrescenta o sacerdote.
Também de origem francesa, a Comunidade do ‘Chemin Neuf’ (Caminho Novo) trará para o Algarve cerca de 4.500 jovens de cerca de 40 países. Aquela organização, que tem membros desde agosto deste ano em Portimão a preparar a sua vinda, tem feito vários vídeos promocionais. Isabela, uma das jovens que faz parte da organização, refere num deles o entusiasmo daqueles jovens e apresenta o convite para que venham de 26 a 31de julho ao Algarve. “A gente acabou de sair da Missa e de entrevistar algumas pessoas. Foi muito legal e o pessoal está muito empolgado para receber a gente aqui e a gente também está muito empolgada para receber vocês aqui no ano que vem. Venham com a gente”, disse.
Portimão acolherá também cerca de 90 universitários de vários países ligados à Companhia de Jesus (jesuítas) para participarem no MAGIS 2023, o encontro de jovens ligados à espiritualidade inaciana, que participarão igualmente na semana seguinte na JMJ.