O consultor internacional na área do turismo, que já tem mais de 40 obras publicadas e que nos últimos anos se tem dedicado a escrever sobre a economia e o turismo algarvios, voltou a referir-se ao enorme potencial da região, à necessidade de se optar por um desenvolvimento regional sustentável e apelou à mudança através da constituição de redes empresariais de colaboração.

“Vamos aproveitar este potencial. Não precisam de ser apenas os estrangeiros que vêm cá, descobrem estas maravilhas e ganham dinheiro. Vamos ganhar dinheiro juntos, há espaço para todos ganharem. Vamos unir-nos, ajudar-nos e ajudar os pequenos empresários porque são eles que geram emprego, não são as gigantescas fábricas que investem em máquinas sofisticadas para poder despedir pessoal”, afirmou o consultor que chegou a trabalhar para empresas e instituições como a KFC, a UNESCO, o Banco Interamericano ou o Banco Mundial.

Aproveitando para apresentar o seu último livro – Algarve/Alentejo, my love –, Soifer apontou o caminho e explicou a sua motivação. “Precisamos juntar o bom senso com a lógica e com o coração porque senão arriscamos destruir aquilo que Deus nos deu. Quando escrevi este livro, pensei: «muito em breve Aquele, lá de cima, vai chamar-me e perguntar: Jack, o que fizeste com a vida que eu te emprestei? E eu gostava de responder: partilhei as experiências, as práticas e, sobretudo, o amor por Portugal»”, disse.

O consultor sueco diagnosticou alguns dos principais problemas que são entrave ao desenvolvimento. “Existem leis mas não funcionam”, lamentou, avançando com uma proposta contra a burocracia: “acabar com as chefias intermédias”.

Soifer considerou ainda que “há alternativas muito mais baratas do que o TGV”. “Podemos, com pouco dinheiro, corrigir alguns troços da rede ferroviária e, com poucos investimentos, utilizar melhor os aeroportos que já temos. Sobretudo o que precisamos é de introduzir novos sistemas de transportes integrados para economizar petróleo e melhorar a nossa balança de pagamentos”, complementou, defendendo que isto se pode e deve fazer sem Parcerias Público-Privadas (PPP).

A apresentação contou com o testemunho de vários especialistas, empresários e empreendedores algarvios. Ana Carla Cabrita, guia de natureza e proprietária da empresa Walkin’Sagres, destacou as “características únicas” do Algarve e o “enorme potencial” do turismo de natureza. “Temos não só a natureza mas a gastronomia, o vinho, o artesanato e uma autenticidade que os turistas procuram”, sustentou, apelando às “parcerias locais” e defendendo ser “preciso criar um produto estruturado e de sustentabilidade”.

Também Vítor Neto, ex-secretário de Estado do Turismo e produtor de frutos secos, disse ser preciso “complementar o turismo com outras atividades, para as quais temos os recursos necessários porque já as praticamos no nosso país”.

Chitra Stern, sócia do Martinhal Beach Resort & Hotel, um aldeamento turístico em Sagres, referiu-se à criação de um projeto com respeito pelo meio ambiente, garantindo a proteção e a preservação da biodiversidade dos ecossistemas da zona e com impacto na economia local e testemunhou a importância da criação de um espírito de equipa entre os colaboradores para que estes constituam uma “família”, tenham filhos e vivam felizes.

Luís Cabral Silva, um dos colaboradores no livro “Transportes – novos caminhos para crescer”, defendeu que “há que não fazer aeroportos a cada 10 anos porque não há explosão demográfica” e alertou para o fim dos recursos petrolíferos. “Temos de criar outros hábitos de transporte e outras formas menos consumíveis”, exortou.

Fausto Nascimento, arquiteto paisagista, criticou o desenvolvimento turístico algarvio. “Andámos sempre atrás das motivações turísticas mas nunca as planeámos”, lamentou.

Cláudia Fonseca, representante da Algarve Women’s Business Network, testemunhou a criação de uma rede de contactos para troca de experiências e negócios entre mulheres e Ria van Door, da mesma organização, lembrou que, para criar um negócio e construir uma empresa, é preciso “coragem, criatividade e paixão”.

Artur Rego, deputado do CDS-PP eleito pelo Algarve, considerou que “temos no Algarve um potencial de riqueza intrínseco no qual temos de investir e apostar, que não é sazonal, nem limitado ou condicionado por crises exógenas de outros países”. “É preciso é arrepiar o caminho do abandono a que nestes últimos 30 ou 40 anos se votou sectores de grande riqueza e tradição no Algarve”, complementou.

Os livros de Jack Soifer podem ser adquiridos na Fnac do Algarve Shopping ou através do sítio do autor na Internet.

Samuel Mendonça