Quase um ano depois da vivência da semana que trouxe ao Algarve cerca de 7.000 estrangeiros que escolheram a diocese algarvia para viver os dias que antecederam a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 em Lisboa, designados como ‘Dias na Diocese’, a Câmara Municipal de Loulé fez questão de lançar uma publicação que quis editar para memória futura daquela “inesquecível” experiência que levou quase mil daqueles jovens ao concelho, oriundos da Alemanha, Eslovénia, França, Itália, Kuwait e Polónia.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O município – um dos quatro, a par de Faro, Portimão e Tavira, a acolher participantes estrangeiros para a JMJ –, apresentou no passado sábado, na Cerca do Convento Espírito Santo, a publicação, com mais de uma centena de páginas, incluindo muitas fotografias e mensagens do presidente da Câmara, Vítor Aleixo, e do pároco de Loulé, cónego Carlos de Aquino, e testemunhos do assistente do Comité Organizador Diocesano (COD) da JMJ, padre António de Freitas, e demais organizadores e voluntários locais, de vereadores da autarquia, de alguns dos jovens e de sacerdotes estrangeiros acolhidos, de irmãs doroteias da comunidade religiosa local e até de homens do andor de Nossa Senhora da Piedade, popularmente conhecida como «Mãe Soberana».

Após o visionamento do vídeo (acima disponível), também produzido pela edilidade, seguiu-se um painel moderado por Salvador Santos, com a participação do presidente da Câmara e do pároco da cidade, da vereadora Ana Isabel Machado, do provedor da Santa Casa da Misericórdia, Ricardo Lampreia, da chefe do Agrupamento 290 – Loulé do Corpo Nacional de Escutas, Maria Antonieta Lima, da assessora de imprensa da Câmara de Loulé, Rita Pina, do responsável do COD pelas inscrições nos ‘Dias na Diocese’, João Mendonça, e do responsável da organização local, Paulo Canário.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A Câmara de Loulé lembrou que aquela semana, de 26 a 31 de julho de 2023, foi constituída por “dias de partilha cultural e espiritual” em que os “participantes ficaram a conhecer a cidade, as suas gentes e cultura, bem como a Igreja local e as suas especificidades, numa verdadeira experiência de evangelização e missão”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A autarquia realçou que Loulé “acolheu de alma e coração” os visitantes, cuja “presença deixará uma marca indelével na cidade e nos seus habitantes, especialmente na comunidade católica”, e acrescentou que os “momentos de oração e as Eucaristias permitiram também reforçar o lado espiritual” daquela iniciativa que teve no culto mariano à «Mãe Soberana» “um dos elementos inspiradores para os jovens, até porque a semana decorreu sobre o tema «Maria, Mãe e Mulher»”. O município destaca mesmo a peregrinação ao santuário louletano como “o momento mais emocionante” da presença de jovens na cidade, não esquecendo ainda assim o “encontro de culturas”, a “manhã desportiva” e o “jantar-arraial”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O município considerou ainda a JMJ, “uma organização que orgulha o país, movido nestes dias pela força da juventude e pelo apelo a uma voz conciliadora no mundo atual: a do Papa Francisco”.

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Na publicação, o presidente Vítor Aleixo lembra a “extensa equipa da autarquia” que “trabalhou em colaboração com a Diocese do Algarve e as paróquias de Loulé, as juntas de freguesia do concelho, as empresas municipais, a autoridade de saúde, as forças de socorro e de segurança, as escolas e as associações e clubes do concelho, para planear e preparar a estadia” daqueles peregrinos.

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O autarca escreve terem-se vivido “muitos momentos de partilha de experiências, culturas, tradições, diálogos entre os diversos países representados, descobertas” e “de convívio salutar” com a comunidade que “recebeu esta iniciativa de braços abertos”. “Com esta experiência, a comunidade louletana teve a oportunidade de perceber melhor qual o espírito e o desígnio das Jornadas Mundiais da Juventude, que vão muito para além de um simples encontro religioso”, acrescenta, sustentando que “em Loulé, viveu-se um encontro de culturas, em que os jovens levaram carinho e alegria aos mais idosos, atenção e diversão aos mais pequenos e participaram em ações de limpeza de ruas e ribeiras, como forma de demonstrar a importância da proteção ambiental”.

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“Esta obra conta, através de imagens e de alguns testemunhos, a história desses momentos vividos no nosso concelho que ficarão com certeza na memória de todos os jovens que acolhemos na nossa terra, mas também na memória das gentes de Loulé”, finaliza.

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No lançamento da publicação dirigiu-se, sobretudo, aos jovens presentes, desejando “que continuem fiéis à mensagem de abertura, de respeito, de compreensão e de amor ao outro” que aquela experiência também contemplou. “Que seja um livro vosso, que vos acompanha para o futuro e que vocês se revejam ali”, desejou, manifestando “uma grande alegria por esse acontecimento ter tido lugar em Loulé”.

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Já o pároco da cidade considera que “a fé e a amizade que norteou o coração de todos os que assumiram o desafio de os acolherem e todo o serviço realizado com pronta generosidade e elevado sentido de missão, certamente possibilitou que estes dias fossem na vida de todos os participantes momentos de memória inesquecível e fecundos, dias de encontro e de crescimento, dias cheios de paz e de renascimento”.

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“Esperemos que estas JMJ sejam uma aliança de um futuro esperançoso, contribuam para uma profunda renovação eclesial e social e possam ser a verdade de uma Igreja que caminha e se edifica ancorada na fé e no amor a Jesus Cristo”, escreveu o cónego Carlos de Aquino.

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No lançamento da obra, o sacerdote disse desejar muito que a JMJ tenha “constituído um grande desafio à Igreja – mas a Igreja são pessoas – e, particularmente, aos jovens” ali presentes. “Nós somos responsáveis pela edificação já hoje de um mundo mais belo, mais justo, mais fraterno, com valores, manifestando as capacidades que temos, resistindo, construindo. Este mundo e esta Igreja espera muito de cada um de nós. E os frutos de tudo isto devem refletir-se na nossa vida. Não contribuirei jamais para uma Igreja fechada, onde é cómodo apenas celebrarmos a fé e que a nossa fé não tenha uma expressão de fermento no mundo, nas escolas, nas instituições, nas famílias, no trabalho, nas relações entre amigos e vizinhança. E este é o grande desafio desta jornada”, desenvolveu.

Aquele responsável considerou que aquilo que “uniu verdadeiramente” jovens “de vários cantos do mundo, com expressões culturais diferentes e até talvez experiências religiosas diferentes”, “foi a boa notícia do Evangelho que marca a vida dos que creem e particularmente, dos que se afirmam cristãos”. “É importante não esquecermos isso e dizê-lo sem vergonha e sem complexo para o mundo de hoje”, prosseguiu.

O cónego Carlos de Aquino destacou ainda a participação de famílias e voluntários e a colaboração das entidades envolvidas e agradeceu às instituições tornaram possível aquele acontecimento e “àqueles que deram tanto de si” para que aquele “evento foi extraordinário e fecundo” “fosse uma grande festa”, “não apenas de fé, mas de partilha de humanidade, de humanismo e de valores”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Já Ana Isabel Machado destacou a “extrema generosidade” dos visitantes. “Podiam ter querido ir para a praia, mas foram para as IPSS doar o seu tempo aos mais vulneráveis, quer idosos, quer portadores de deficiência. E isso foi também um exemplo para nós, digno de registo”, testemunhou.

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Ricardo Lampreia, por sua vez, lembrando a interação com os utentes da ERPI e do centro de dia da Misericórdia de Loulé, pediu aos jovens presentes que “partilhem sempre o espírito cristão”. Maria Antonieta Lima recordou a “grande entreajuda” e Rita Pina contou que os jovens se surpreenderam com a “simpatia e hospitalidade dos louletanos e todas as atividades em que participaram”. João Mendonça, que agradeceu em nome do COD às paróquias de Loulé e ao município, destacou a “alegria imensa”, o “sentido de união e de comunidade muito grande” e Paulo Canário garantiu que o entusiasmo dos jovens “está vivo, não passou”. “Eles próprios são frutos da jornada”, disse, referindo-se aos jovens de Loulé, membros de “um grupo muito unido e trabalhador” que disse querer representar as paróquias e o concelho no jubileu de 2025 em Roma.

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A sessão contou ainda com alguns testemunhos de pessoas presentes que também viveram os ‘Dias na Diocese’ em Loulé.

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De entre os quase 7.000 estrangeiros que o Algarve acolheu contavam-se dois cardeais, cerca de 20 bispos, 140 padres e 70 consagrados a acompanhar os jovens. Os quase mil destes, acolhidos em Loulé, foram recebidos por 11 famílias do concelho, na Escola EB 2,3 Padre João Coelho Cabanita e no Pavilhão Desportivo Municipal.