“Criámos uma ideia de Europa e inundámos essa Europa com umas conquistas sociais e uma garantia de um Estado Social que é muito, muito necessário mas que não é sustentável”, afirmou a presidente do Banco Alimentar (BA) Contra a Fome que falava num jantar-palestra promovido, no Hotel Eva, pelo núcleo do Algarve da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores.

Jonet disse que o modelo de Estado Social que se vive hoje na Europa foi um modelo concebido a seguir à primeira Grande Depressão, em 1929, “onde a esperança de vida era de 55 anos”. “Ao longo dos anos, e sobretudo depois da primeira Grande Guerra, este modelo foi apurando e as pessoas foram também vivendo cada vez mais. O que é certo é que hoje, quando as pessoas se reformam com 65 anos, vão ter ainda que viver à custa deste Estado Social mais 20/25 anos, recebendo pensões de reforma que não têm qualquer comparação com os descontos que fizeram ao longo da sua vida ativa. E portanto aquilo que não é sustentável é o modelo de Estado Social que idealizámos para a Europa e que nunca foi atualizado para a evolução demográfica”, defendeu.

A oradora acrescentou ainda que “hoje em dia, o fascínio pela Europa acabou”. “A Europa deixou de marcar o ritmo. A Europa mudou completamente. Esta referência que continuamos a achar que somos, só podemos continuar a mantê-la pelo Cristianismo. Esse é que é um valor que devemos recuperar e de forma a conseguir tangibilizar nas nossas vidas este amor verdadeiro, mas vivendo-o, de facto, a começar nas nossas casas e depois propagando isto para as pessoas que estão à nossa volta. Se queremos que a Europa mantenha algum do seu poder, só pode ser por via do Cristianismo”, afirmou a presidente do BA, considerando que os europeus estão a “tirar o Cristianismo e Cristo” das suas vidas e lamentando o facto de “aqueles que vão à igreja não saberem sequer viver com amor pelo outro, na lógica do bem comum”.

“Deixámo-nos todos embarcar num mundo que não é humano, um mundo que nos obriga a viver ao ritmo de máquinas e que não é um ritmo real. Há uma desumanização total da sociedade porque achamos que vivemos todos ao ritmo da internet. Talvez, se não nos desumanizarmos, possamos viver bem com isto”, complementou.

Samuel Mendonça