As Jornadas de Pastoral Litúrgica que ontem decorreram no Centro Pastoral e Social de Ferragudo, promovidas pela Diocese do Algarve, apontaram a cultura do relativismo e a secularização da sociedade que se deixou aburguesar como os maiores obstáculos à iniciação cristã, temática sobre a qual incidiu o encontro, de acordo com os desafios propostos pelo Programa Pastoral da Igreja algarvia.
Na iniciativa com 88 participantes de diversos pontos do Algarve, sobre o tema “Para a plena Maturidade do Homem Novo em Cristo”, o padre Carlos de Aquino, primeiro conferencista do dia, evidenciou que “a descristianização e a cultura do relativismo trazem consequências imensas à iniciação cristã”, que se cumpre com a receção dos sacramentos do batismo, confirmação e eucaristia.
Já o padre Flávio Martins, segundo orador da manhã, lembrou que “a sociedade transformou-se”, que “a secularização determina, em diferentes momentos, o abandono da fé e até da própria Igreja” e que a mesma realidade “seca completamente o coração do crente se não estiver enraizado em Cristo”. O sacerdote considerou que esta realidade “coloca um grande desafio à Igreja ministerial e laical”. “Países outrora prósperos encontram-se hoje transformados pela contínua difusão do indiferentismo, do secularismo e do ateísmo”, lamentou.
Também o cónego José Pedro Martins, o derradeiro palestrante das jornadas, se referiu à problemática citando uma intervenção do Papa na sua última visita a Portugal para dizer que, perante ameaças à evangelização, “não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo”. O orador constatou ainda a existência de uma outra influência negativa. “Somos herdeiros de um cristianismo moldado pelo individualismo burguês”, criticou, advertindo que o cristianismo deve ultrapassar o que “o faz parecer aos olhos de muitos como um paganismo batizado”.
A mesma crítica já antes tinha sido feita pelo padre Flávio Martins quando constatou uma das causas da atual crise. “Temos uma sociedade aburguesada por isso é que entrámos em crise. Perdemos os direitos à burguesia”, afirmou.
As jornadas prosseguem hoje com um encontro, apenas dirigido a ministros extraordinários da comunhão e animadores de assembleias na ausência de presbítero.
Samuel Mendonça