A jornalista Aura Miguel aconselha os jovens que vão participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa a irem “de coração aberto” porque será “uma oportunidade única” na sua vida.

“Não vai repetir-se mais. O Papa tem as dificuldades que tem, já está mais idoso, tem 86 anos, foi operado há pouco tempo, está cansado, custa-lhe a andar e vem. Portanto, se ele vem é porque tem uma coisa preciosa para vos confiar. Não sei qual é, mas acho que vale a pena esperar grandes coisas daquilo que o Papa traz”, sustentou a vaticanista que trabalha desde 1985 para a Rádio Renascença e que começou dois anos depois a acompanhar as viagens papais.

Na palestra que proferiu na última quinta-feira à noite na paróquia de Monte Gordo, Aura Miguel, que já acompanhou 13 JMJ, referiu que “o Papa traz sempre uma mensagem e as mensagens são muito exigentes” para os jovens. “Ele incentiva a virem fazer festa, a divertirem-se. Confia neles com responsabilidade. Deixa-lhes uma indicação para a vida que pode ser decisiva”, desenvolveu.

A jornalista disse ter uma experiência “espetacular” das JMJ. “É festa mesmo. Fazem festa, mas têm uma razão para fazer. Aqueles que se inscrevem sabem ao que é que vão e levam sempre alguém que os conduz”, afirmou, acrescentando que “isso é muito bonito” porque é diferente de “andarem ao sabor do vento sem destino” e que os jovens mostram ao mundo que ter fé acrescenta algo mais que “dá gosto à vida”.

Sobre a programação da JMJ, Aura Miguel referiu que “há muitas escolhas”. “Há a parte cultural, exposições e tudo a acontecer ao mesmo tempo. Há conferências, há cinema, há catequeses e há convívio”, explicou, acrescentando que a JMJ existe também “para conviver” e para os participantes “trocarem experiências”. A jornalista destacou a dimensão de “unidade na diversidade”. “É muito bonito porque é um mosaico. A beleza do mosaico é que as peças todas diferentes fazem depois um efeito conjunto”, sustentou.

A JMJ que decorrerá em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, foi mesmo o pretexto para a vaticanista escrever mais um livro que veio também veio apresentar. A obra, intitulada “Um longo caminho até Lisboa”, relata as JMJ que acompanhou. “Fui buscar os meus arquivos e tinha apontamentos destas jornadas todas e foi assim que nasceu o livro também motivado pelo diálogo que tive com o Papa Francisco. Fui buscar tudo o que os papas tinham dito em cada jornada e pensei fazer uma espécie de manual que ajudasse a conhecer cada uma delas”, contou a autora, explicando que o livro não tem de ser lido de seguida. “A pessoa pode escolher a jornada que quer”, completou.

A jornalista, que já acompanhou 106 viagens papais, contou ainda que graças à proximidade do Papa proporcionada pelas viagens abordo do avião papal, surgiu o prefácio do livro, escrito pelo próprio Francisco. “Pedi-lhe a caminho de África, no voo que fizemos para Kinshasa. Nem uma semana depois de regressarmos dessa viagem mandou-me quatro páginas maravilhosas onde acho que já se percebe quais são as suas esperanças para esta JMJ”, referiu a vaticanista.

Aura Miguel explicou que o livro está estruturado em 13 capítulos relativos a cada uma das JMJ, cada um deles constituído por três partes. “Há uma cronologia para ajudar a situar o que é que se passava no mundo, em Portugal e na Igreja”, acrescentou, referindo contemplar ainda o “colorido” e as reportagens que realizou, incluindo “episódios e peripécias”, e “uma terceira parte com os discursos que o Papa proferiu em cada jornada”.
