Entretanto, após o pároco ter alterado a sua sede residencial para Tavira com a sua nomeação de acumulação com as paróquias daquela cidade, o imóvel voltou a ficar disponível e os jovens franciscanos resolveram retomar a iniciativa.
Assim sendo, nesta primeira reedição, de 20 a 24 deste mês, os seis jovens da JUFRA do Algarve foram acompanhados por quatro franciscanos de Évora e o grupo teve como responsáveis o frei José Quintã e o seminarista algarvio Nelson Rodrigues. “Como estamos no verão e em período de férias, pensámos em prolongar por mais dias a nossa estadia com as populações da serra algarvia”, explicou Nelson Rodrigues à FOLHA DO DOMINGO.
Tendo como área de ação as localidades de Vaqueiros, Martim Longo e Pessegueiro, os jovens voluntários promovem, para além da animação litúrgica (sobretudo nas Eucaristias), visitas, previamente preparadas pela comunidade de Martim Longo das irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, aos montes mais dispersos. “Em algumas casas que visitámos havia pessoas a lidar muito mal com as suas doenças e com a questão da morte”, testemunha Nelson Rodrigues, que conta casos de dramáticos de muitos casais de idosos em que a mulher tem de tratar sozinha do marido doente.
Neste relato de um Algarve esquecido durante décadas pelo poder central e pelos organismos competentes, bem diferente do Algarve turístico que aparece nas televisões, Nelson Rodrigues conta que “as pessoas que vêm à Eucaristia são as que, da terceira idade, ainda têm saúde para se deslocar à igreja” e que são um “grupo muito restrito”. “A maior parte dos habitantes já não sai de casa”, acrescenta.
Neste contexto, o jovem seminarista constata que “há pessoas que estão muito afastadas da Igreja, mas não é porque queiram” e que, da parte da Igreja, “sentem falta de muita coisa”. “Quando o frei Quintã se mostrou disponível para confessar houve até quem chorasse”, ilustra, referindo que também foi administrado o sacramento da Santa Unção a algumas pessoas.
Nelson Rodrigues constata que o apoio dado pela Diocese do Algarve àquelas populações resume-se quase exclusivamente à celebração da Eucaristia e que seria necessário “haver equipas de leigos que fizessem um acompanhamento junto destas pessoas”. “Alguém que estivesse atento às pessoas para levá-las ao hospital ou ao centro de saúde quando é preciso e, no meio disso tudo, ainda falasse de Cristo. Isso seria o essencial”, refere.
Apesar de estarem a viver um impasse nas suas vidas, uma vez que estão quase todos a terminar os seus cursos universitários e a entrada no mercado de trabalho assumir-se como uma possibilidade cada vez mais real, os jovens algarvios da JUFRA manifestam a sua vontade de continuar mensalmente com o projeto