Na audiência, com início previsto para as 09:30 no Palácio da Justiça, em Lisboa, serão ouvidos o ex-inspector da PJ Moita Flores, o criminalista José Manuel Anes, o jornalista Eduardo Dâmaso, Luís Barreiros Sintra, Mário Sena Lopes, ex-funcionário da Guerra & Paz, também visada no processo, e Tânia Raposo, responsável pela editora.

Estas testemunhas juntam-se às quatro ouvidas na terça-feira, na primeira sessão do julgamento, em que a defesa de Gonçalo Amaral, ex-inspector da Polícia Judiciária (PJ), apresentou oposição à argumentação de Kate e Gerry McCann.

O casal britânico está desde segunda-feira em Portugal, depois de a 11 de Dezembro passado ter comparecido no Palácio da Justiça para a primeira sessão do julgamento, adiada para 12 de Janeiro por doença do advogado de Gonçalo Amaral, António Cabrita.

Fonte da família inglesa disse à agência Lusa que Gerry assiste às sessões do julgamento de hoje e de quarta-feira, viajando depois para Inglaterra, enquanto a mulher ficará em Lisboa, para comparecer à audiência de quinta-feira.

No processo, a família McCann alega que o livro "Maddie – A Verdade da Mentira" e o vídeo com o mesmo título, baseado no documentário exibido na TVI, divulgam a tese de Gonçalo Amaral, considerada por eles insustentável, de envolvimento dos pais de Madeleine no seu desaparecimento.

A seu pedido, a advogada do casal, Isabel Duarte, requereu ao tribunal a retirada do mercado, embora com carácter provisório, do livro e do vídeo, decisão decretada a 09 de Setembro de 2009.

A este processo, em que além do ex-agente da PJ são visadas a editora "Guerra & Paz", a produtora Valentim de Carvalho e a TVI, por divulgação da tese de Gonçalo Amaral, está anexa a acção principal, em que a família McCann reclama protecção de direitos, liberdades e garantias.

Os pais da criança inglesa desaparecida em 03 de Maio de 2007 do quarto de um apartamento num aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve, apresentaram outra acção contra Gonçalo Amaral, com a acusação de declarações consideradas difamatórias, na qual pedem uma indemnização de, pelo menos, 1,2 milhões de euros.

No âmbito deste processo, foi pedida uma medida cautelar de arresto de bens, concretizada parcialmente e a aguardar cumprimento de diligências para a sua conclusão.

O livro "Maddie – A Verdade da Mentira" foi publicado em 2008 e lança a suspeita de que os pais da criança inglesa, que se encontrava de férias com os pais e os irmãos na Praia da Luz, terão participado na ocultação do cadáver.

Na qualidade de coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral integrou a equipa de investigadores que tentou apurar o que aconteceu a Madeleine.

Kate e Kerry McCann, que sempre mantiveram a posição de que Maddie foi raptada, foram constituídos arguidos em Setembro de 2007, mas acabaram por ser ilibados em Julho de 2008 por falta de provas para sustentar a hipótese avançada pelo inquérito de morte acidental da menina.

O Ministério Público arquivou o processo, que poderá ser sempre reaberto se surgirem novos dados considerados consistentes sobre o desaparecimento da criança.