A Liga Intensificadora da Ação Missionária (LIAM) do Algarve realizou no passado dia 12 deste mês a sua assembleia diocesana anual.
O encontro, que teve lugar na igreja de São Luís, em Faro, contou com a presença do padre Hugo Ventura, sacerdote da Congregação do Espírito Santo (espiritano) e assistente nacional da LIAM, e do padre Paulinus Anyabuoke, assistente diocesano da mesma congregação, para além dos representantes da maioria dos 12 núcleos do movimento no Algarve.
Após as boas-vindas, a presidente do Conselho Diocesano da LIAM enumerou as atividades realizadas no último, diocesanas e nacionais, nas quais participaram membros do Algarve. Alda Relvas referiu-se de maneira particular às vigílias missionárias realizadas. “Queremos expandir esta atividade para paróquias onde ainda não há grupos missionários”, anunciou.
Aquela responsável aproveitou para desafiar ao crescimento do movimento nas paróquias algarvias. “Para avançarmos e crescermos é necessário renovar os nossos grupos e motivar mais pessoas a unirem-se à nossa missão”, apelou, reconhecendo ser “cada vez mais difícil”. “Ninguém quer ter responsabilidades, estar ocupado”, lamentou.
Ainda assim, Alda Relvas acrescentou que a vivência do “Ano Jubilar da esperança” convida a renovar a “confiança no futuro” e a “entrega à missão evangelizadora”. “Que o Senhor nos ajude a caminhar juntos, levando a dimensão missionária cada vez mais longe na nossa diocese”, concluiu.

Também o padre Paulinus Anyabuoke se mostrou confiante. “A nossa missão vai avançando sempre com muita dificuldade, mas andamos sempre com esperança porque a nossa é uma grande missão que Deus nos confiou através da sua Igreja”, afirmou.
O sacerdote, que apresentou um vídeo de resumo das atividades do ano passado, exortou à participação no Encontro Nacional da LIAM em Fátima, nos dias 22 e 23 de fevereiro. “Será mais um momento forte de formação, partilha e oração. Entre os intervenientes contamos com a presença de D. Alexandre Palma, bispo auxiliar de Lisboa, e do padre Tony Neves, conselheiro geral dos espiritamos”, anunciou, apelando ainda à participação no Jubileu dos Missionários na paróquia das Ferreiras no dia 8 de junho e ao Dia Missionário no dia 22 daquele mês no mesmo local.

O padre Hugo Ventura também se referiu ao tema que enquadra o Jubileu deste ano para pedir aos missionários algarvios que percebam os “sinais de esperança que existem” à sua volta e que ao mesmo tempo sejam “capazes de ser sinais de esperança”. “Não nos esqueçamos de ser sinais de esperança”, desafiou.

O assistente nacional da LIAM, que começou por pedir àqueles agentes que leiam a bula do Papa de proclamação do Jubileu de 2025, considerou que “se a Igreja não tivesse os grupos que falam de missão seria mais pobre, com menos horizontes”. “ A missão nos nossos grupos é a que o próprio Cristo nos dá. Um dos elementos que é muito importante é saber que esta missão é uma missão que Deus nos confia”, afirmou.
O sacerdote introduziu ao “testemunho carregado de sinais de esperança” que se seguiu de dois missionários no projeto de voluntariado missionário de curta duração ‘Missão Cor Unum’ (Um só coração) para membros adultos da família espiritana, realizado no último ano na Guiné Bissau. O padre Hugo Ventura desafiou à participação de algarvios naquele projeto. “Gostaria que no próximo projeto que vai ser lançado este ano houvesse pelo menos duas pessoas aqui do Algarve. O mais importante é a fé com que a gente parte e, depois, a família que a gente forma. Por isso, comecem a organizar-se, a pensar”, pediu.

Uma das participantes na última edição foi Alda Lucas, da paróquia de Algueirão, Mem Martins e Mercês. Aquela voluntária, que já foi em missão a São Tomé e Príncipe com as irmãs hospitaleiras e a Cabo Verde com as irmãs espiritanas, explicou que o trabalho feito no último verão incidiu nas áreas da enfermagem, docência de língua portuguesa e inglesa nas escolas, corte e costura, croché, economia doméstica, trabalhos manuais e artes plásticas.

A missão prestou ainda apoio ao Jardim de Infância Padre Jonas, localizado em Safim, perto de Bissau, uma obra que está a ser construída numa zona onde muitas crianças enfrentam dificuldades de acesso à educação.

Aquela voluntária aconselhou a “ir de coração aberto e estar disponível para o que for preciso”. “Eu ia para pintar paredes. Fiz tudo menos pintar paredes. Acho que é isto que Nosso Senhor nos pede: estarmos disponíveis para o que Ele nos pede e o que Ele nos pediu naquele mês não foi pintar paredes, como nós pensávamos que íamos fazer, mas foi fazer outras coisas e nós fizemos”, relatou, explicando que se encontraram com catequistas, casais e com as crianças da comunidade.

João Bernardo António, que também participou com a mulher Ana Teresa Gonçalves, disse que a esposa “foi a grande responsável” por tudo o que viveu naquela experiência e também deu conta da imprevisibilidade do voluntariado missionário. “Quando desenhámos o projeto tínhamos ‘n’ atividades para fazer neste jardim de infância. O que é que fizemos efetivamente? Fomos lá no início conhecer o espaço e num dia celebrar a Eucaristia e cumprimentar as pessoas”, contou, explicando que ficou “a ser conhecido na Guiné como professor sem nunca ter dado uma aula”.

“Às terças e quintas-feiras, depois da Eucaristia, fazíamos reuniões com um grupo de casais que já existe na paróquia. Pensámos que íamos lá ensinar coisas e fomos lá aprender”, prosseguiu, explicando o imenso trabalho a fazer na pastoral família num país em que a monogamia não é bem aceite. “Culturalmente, um homem guineense que diga que é casado com uma mulher leva logo um rótulo. A mentalidade é assim. A própria família cobra-lhe muito pelo facto de ter um casamento a dois”, referiu. “Cristo esteve connosco sempre em cada uma das reuniões”, considerou o membro da LIAM de Monte Abraão.
Fundada em Fátima em 1937, a LIAM é um movimento de leigos, ligado aos missionários do Espírito Santo (espiritanos), que procura dar visibilidade e vivência à dimensão missionária da Igreja em Portugal e, ao mesmo tempo, apoiar a missão que se faz além-fronteiras. No Algarve, a LIAM conta com núcleos em Albufeira, Faro, Ferreiras, Lagos, Loulé, Moncarapacho, Olhão, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Santa Luzia, São Brás de Alportel, Silves e Tavira.