A Diocese do Algarve, através do seu Secretariado de Liturgia, promoveu nos dias 24, 25 e 28 deste mês em cada uma das três regiões pastorais diocesanas a apresentação do ‘Livro do Admonitor – Liturgia da Palavra – Ano A’, da autoria do cónego Mário de Sousa, biblista e sacerdote da Diocese do Algarve.
Na última sessão, que teve lugar na igreja matriz de Olhão, o diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica, que a apresentou a obra nos três dias, afirmou que a mesma “vem sublinhar a enorme importância que a palavra da Sagrada Escritura assume na vida cristã, mas também vem valorizar e promover a própria escuta, como palavra de Deus, nas celebrações litúrgicas”.
O cónego Carlos de Aquino considerou ainda que o “significativo ministério do admonitor” “é um serviço que importa redescobrir e realçar” e defendeu que a publicação “vem, sobremaneira, valorizar”. “Acho que é importante valorizar a partir deste momento esta função ministerial do admonitor. É algo que o sacerdote com alguém da comunidade que já proclama a palavra pode combinar como fazer”, acrescentou.
Lembrando que “uma admonição não é uma palavra dirigida a Deus”, mas “uma palavra dirigida à assembleia celebrante”, acrescentou tratar-se de “uma explicação ou uma exortação e nunca uma ressonância”. “Uma admonição não é uma ressonância da palavra, nem é uma antecipação do conteúdo da palavra de Deus, nem é uma breve homilia”, advertiu.
O sacerdote lembrou haver “quatro documentos muito importantes” sobre o ministério admonitor: “o primeiro é a própria constituição sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilio, número 35; a Instrução Geral do Missal Romano, número 105; as notas das leituras da Missa, números 15, 19 e 57; e as celebrações da palavra na ausência do presbítero, número 34”.
O cónego Carlos de Aquino lembrou que a admonição “não necessita de longa e complicada explicação”. “Exige-se inteligência, sensibilidade e é sobretudo em ordem a uma instrução e consolação espiritual”, afirmou, explicando que deve ser uma “breve didascália, feita só nos momentos oportunos pelo sacerdote ou ministro competente com palavras prescritas ou semelhantes”. “Enquadramos o serviço do admonitor numa catequese litúrgica”, disse, considerando que o admonitor “também exerce uma função litúrgica” e lembrando que o “intuito da admonição” é “introduzir na celebração e dispor a compreendê-la melhor”.
“As admonições devem ser cuidadosamente preparadas e muito sólidas. No desempenho da função, o comentador deve colocar-se em lugar adequado à frente dos fiéis, mas não no ambão”, desenvolveu, explicando que as intervenções devem ser “simples, fiéis ao texto, breves, preparadas com diligência e adaptadas de forma variada ao texto que devem introduzir”.
“A proposta do padre Mário acrescenta um outro apontamento não menos significativo e muito importante e que devemos valorizar: «Deve escutar e acolher a palavra, inserindo-a e compreendendo-a sempre a partir do seu contexto, evitando conclusões ou interpretações não presentes na intenção do autor que escreveu. Só assim não se empobrecerá a sua intensidade significativa e, consequentemente, o que o Senhor, através dela, quer dizer ao seu povo»”, prosseguiu, advertindo: “o padre Mário chama atenção que se não percebermos, no seu contexto e na intenção do autor, a verdade da palavra, como é esta a proposta litúrgica, às vezes podemos estar a adulterar, de certo modo, o texto ou a fazê-lo dizer aquilo que a gente quer dizer, o que não está correto”.
Por fim, o liturgista considerou a proposta editada do cónego Mário de Sousa “um grande contributo litúrgico”, sublinhando o “enquadramento explicativo e pedagógico do conteúdo do texto”. “Percebemos um convite a um compromisso a contemplarmos a realidade que a própria palavra evoca”, sustentou.
O livro foi editado este mês pelo Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), da Igreja Católica em Portugal e está à venda na livraria da Diocese do Algarve no largo da Sé, em Faro.
Secretariado da Liturgia publicou «Livro do Admonitor», do cónego Mário de Sousa