O autarca referiu que há "grandes prejuízos" para os comerciantes, contudo, a extensão dos danos só será apurada após um levantamento mais rigoroso da situação que ainda está a ser efetuado.
Um dos comerciantes afetados, José Carmo, de 65 anos, contou à Lusa que a água na sua loja – instalada na Rua Vasco da Gama há 38 anos -, atingiu os 10 centímetros de altura.
"Estive aqui até às cinco da manhã e foi preciso o mar baixar para a água correr", descreveu o dono da loja Rita, com rés-do-chão e cave e que vende vestuário e calçado.
José Carmo explicou que a chuva forte começou cerca das 23:00 de quarta-feira e que a água era tanta que se tornou "incontrolável", inundando a loja de imediato, apesar de haver placas a tapar a porta.
Uma moradora na mesma rua, Vanessa Leandro, de 33 anos, contou que foi por volta dessa hora que se apercebeu de que a situação era grave e telefonou a uma vizinha, proprietária de uma loja de chineses, para onde a água estava a entrar.
"O prejuízo deve ser enorme", referiu, acrescentando que esteve a ajudar na limpeza até às 03:00 e que voltou para a loja às 08:00 para continuar a ajudar a vizinha.
A loja, que vende desde roupa a brinquedos e artigos para o lar, tem cave e um elevador, acrescentou.
Na Avenida Sá Carneiro, a principal artéria da cidade, também há registo de inundações em caves, embora não haja danos "muito visíveis", segundo o presidente da Junta de Quarteira.
Um morador naquela avenida afirmou que a via "parecia um mar" durante a noite, tal era a quantidade de água que ali ficou acumulada.
David Gonçalves, de 80 anos, mora em Quarteira há 20 e, apesar de já ter assistido a algumas inundações, jurou que nunca viu "tanta água na vida".
Também Irene Ferro, alentejana de 74 anos a residir temporariamente em Quarteira, contou à Lusa que mal dormiu durante a noite com medo da água, que transformou a Rua Vasco da Gama numa "ribeira".
O mau tempo provocou ainda a queda de muros construídos dentro de linhas de água e de uma árvore e danos nas caixas de esgotos.
A chuva forte em Loulé fez 20 desalojados, já realojados em casa de familiares, no quartel dos Bombeiros de Quarteira e no Centro de Saúde de Loulé.
A chuva entretanto parou, o que leva as autoridades a admitirem que a maioria dos desalojados possa voltar a suas casas ainda hoje.
Das 105 inundações registadas durante a madrugada no Algarve, 94 foram no concelho de Loulé.