Em causa está uma notificação da autarquia, proprietária do prédio, datada de 10 de outubro, na qual é fixado um prazo de 30 dias para o comerciante fechar o estabelecimento e abandonar o local, devido ao risco de derrocada do telhado.

Segundo António Lopes, a ordem de encerramento da Mercearia da Ponte visa a demolição do edifício centenário onde está instalada, devido a danos que, segundo um parecer a autarquia, são irreparáveis.

Contudo, o comerciante alega que consultou uma equipa independente de peritos, que concluíram que a demolição pode ser evitada e que poderiam ser feitas obras de restauro, mesmo com a mercearia em funcionamento.

A providência cautelar deu hoje entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé, sendo que o prazo para a entrega do imóvel à Câmara, conforme a notificação, termina às 00:00 de sexta-feira.

“Podem demolir o que quiserem, mas comigo e com tudo lá dentro”, afirmou, em declarações à agência Lusa, assegurando que não vai retirar nada de dentro da mercearia, nem sair do local.

A autarquia deu a António Lopes a hipótese de se mudar para outras lojas, próximas da atual, mas com menos de metade do espaço e sem local para cargas e descargas, alternativas que o comerciante recusou.

O edifício, construído na década de 1920, é composto por um rés-do-chão, onde funciona a loja, e um primeiro andar, que, segundo António Lopes – que tem feito a manutenção e limpeza do prédio -, está desocupado há anos.

Os danos no telhado foram detetados pelo lojista quando se preparava para fazer a limpeza anual do prédio, tendo nessa ocasião contactado a autarquia para resolver o assunto.

Segundo António Lopes, a Câmara acabaria por considerar o telhado “irrecuperável” e desencadeou todo o processo.

A mercearia, da qual é proprietário há doze anos, dá emprego a seis pessoas e está aberta todos os dias das 08:00 às 20:00.

Situada na Rua 25 de abril, no centro da vila, vende sobretudo produtos da região, funcionando também como agência da Rede Nacional de Expressos.

A situação já motivou o lançamento de uma petição que contava hoje com mais de mil assinaturas.

A agência Lusa tentou obter uma reação do presidente da Câmara de Aljezur, mas tal não foi possível até ao momento.

Lusa