Em resposta à associação ambientalista Quercus, que acusou segunda-feira o gigante imobiliário sueco IKEA de querer construir uma nova loja em Loulé em solos classificados como RAN, o autarca afirmou que ambos os projectos estão inseridos em terrenos "predominantemente agrícolas".
"A percentagem de RAN é mínima. Dos 40 hectares para o IKEA, só 10 a 15 por cento do terreno será RAN", referiu Seruca Emídio, acrescentando que com o projecto da Auchan a "situação é semelhante" e que, por isso, as "dificuldades ambientais são ultrapassáveis" nos dois projectos.
Ambos os projectos comerciais – Auchan (proprietária dos supermercados Jumbo) e IKEA – implicam uma "alteração do uso do solo", ou seja uma alteração do Plano Director Municipal (PDM), explicou.
Segundo Seruca Emídio, o IKEA está previsto localizar-se na zona de Alfarrobeira, no eixo Loulé/Faro, perto do Parque das Cidades, enquanto que o grupo Auchan pretende localizar-se no eixo Loulé/Quarteira, perto da Zona Industrial e serviços de Loulé e da antiga fábrica da cerveja Unicer.
"Há sempre lados positivos e lados negativos numa localização e noutra", observou o autarca.
A localização pretendida pelo IKEA vai ao encontro do PROTAl (Programa Regional de Ordenamento do Território do Algarve), que aponta o grande eixo de desenvolvimento do Algarve a zona Loulé/Faro e que abrange o Parque das Cidades, Hospital Central do Algarve, Estádio Algarve e Aeroporto Internacional.
Do ponto de vista do concelho de Loulé e "olhando para os interesses particulares, naturalmente que o projecto Auchan, para o eixo Loulé/Quarteira, é mais central", defendeu o autarca, reiterando que há várias perspectivas e que há tanto num projecto como noutro há "aspectos positivos e outros negativos".
O projecto da Auchan, denominado "Alegro Algarve" e com arquitectura contemporânea, terá uma área total de 40 hectares, um parque temático, zona de lazer, sendo 20 por cento do espaço dedicado ao chamado "comércio genuíno", onde os artesãos locais têm a garantia do escoamento dos produtos no próprio centro comercial.
O projecto ronda os 400 milhões de investimento e representa quatro mil postos de trabalho directo.
Fonte ligada ao projecto da Auchan adiantou à Lusa que o grupo defende a "integração do IKEA no projecto", mas caso não seja possível admite trazer uma marca concorrente do grupo Mollier.
A 10 de Dezembro de 2009, a cadeia sueca IKEA anunciou, em comunicado, que pretendia abrir uma loja e um centro comercial Inter IKEA em Loulé, com um investimento no valor superior a 200 milhões de euros e a criação de 3000 postos de trabalho directo.