Foto © Samuel Mendonça

Um total de 34 jovens começam hoje em Loulé a receber formação para, no final do ano, serem bombeiros municipais, um projeto pioneiro no país, que pela primeira vez envolve uma plataforma de quatro municípios.

Depois de terem estado durante vários anos sem poderem integrar bombeiros nos seus quadros, os municípios de Faro, Olhão, Loulé e Tavira uniram-se para uma recruta conjunta para a formação de bombeiros municipais, que decorre até dezembro, sob a monitorização da Escola Nacional de Bombeiros.

Com 23 anos, Cristiana é uma das seis mulheres que integram o grupo de 34 aspirantes a bombeiro, profissão que começou a admirar quando a sua casa, na serra de Tavira, quase ardeu na vaga de incêndios que assolou aquela zona do Algarve, em 2004.

“Candidatei-me a este curso porque quero que a minha vida seja útil, que tenha um propósito e esta é uma profissão que existe apenas para fazer o bem”, contou a jovem à Lusa, observando que nenhum dos vários empregos que já teve até hoje a preencheu.

Apesar de ser uma profissão que comporta riscos, a família de Cristiana aceitou a decisão “com grande orgulho”, mesmo depois de ter visto a sua habitação quase a ser devorada pelas chamas.

“Queria fazer parte dessa minoria capaz de enfrentar aquele mal”, sublinhou, acrescentando que a profissão também a atraiu pela sua versatilidade, já que os bombeiros têm muitas outras missões além de apagar fogos.

Segundo disse à Lusa o presidente da Escola Nacional de Bombeiros, José Ferreira, o modelo de formação que está a ser desenvolvido no Algarve é pioneiro, porque, pela primeira vez, há um conjunto de quatro municípios a integrar o projeto.

“A estrutura de formação é igual, a novidade é o facto de estarem envolvidos quatro municípios, em parceria com a Escola Secundária de Loulé”, onde vai decorrer a formação, composta por 995 horas e em que aproximadamente 60% corresponde à componente prática.

Admitindo que o Algarve tem falta de mais bombeiros, o comandante operacional distrital, Vítor Vaz Pinto, aplaudiu o “esforço” dos quatro municípios e espera que a formação se venha a repetir para que o dispositivo no Algarve fique mais equilibrado.

A par destes 34 novos bombeiros municipais, que são profissionais e exercerão a função a tempo inteiro, o Algarve concluiu recentemente o recrutamento de 55 bombeiros voluntários, observou aquele responsável.

Já o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, Jorge Botelho, sublinhou que “era bom que houvesse mais bombeiros”, contudo, este é o número “possível”, para já.

“A intenção dos presidentes é reforçar os corpos de bombeiros municipais, porque precisam de ser rejuvenescidos”, referiu o também presidente da Câmara de Tavira, lembrando que o último recrutamento de bombeiros para aquele município foi em 2009.

A formação de 34 bombeiros recrutas irá decorrer até final do ano, com formadores dos corpos de bombeiros do Algarve, sob a monitorização da Escola Nacional de Bombeiros.

Ao ser realizada na região, permitirá aos municípios reduzir os custos operacionais da formação.