Ao todo foram identificados para limpeza no Algarve 500 "pontos negros", muitos deles localizados em Faro, mas também em Lagos, Albufeira, Portimão e outras localidades, zonas que vão ser limpas por cerca de 2000 voluntários, disse à Lusa um dos coordenadores locais do projeto.
Segundo Pedro Abrantes, a maior parte das lixeiras do concelho estão localizadas no Ludo e Pontal, à entrada da cidade, onde se verifica a descarga de entulhos, eletrodomésticos, pneus, resíduos de construção civil, plásticos e todo o tipo de lixo.
Depois de recolhido, o material passível de triagem vai ser separado e encaminhado para reciclagem, sendo um dos principais obstáculos a grande dispersão dos resíduos e o difícil acesso a algumas zonas onde estão depositados.
"Como nesta zona [Ludo e Pontal] não há praticamente pontos de referência, vamos ter que fazer uma visita guiada no próprio dia para mostrar aos voluntários onde estão localizadas as lixeiras", explicou Pedro Abrantes, engenheiro do ambiente que coordena a ação numa das zonas do Pontal.
Também envolvido no projeto está o antropólogo Artur Gregório, que vive junto àquela área protegida e que há anos assiste à circulação de veículos carregados de lixo para despejar ilegalmente na maior mancha verde do concelho, situada em plena Ria Formosa.
Um dos problemas, diz, é não haver proteção para impedir a circulação de viaturas e a escassez de vigilantes, mas o também coordenador local da iniciativa "Limpar Portugal" defende que a abordagem não deve ser repressiva e que é preciso apostar em alternativas e também na educação ambiental.
"Deviam ser colocadas à entrada desta zona eco estações onde se pudesse depositar lixo, monos e entulhos, de forma a dissuadir as pessoas da sua tendência natural para despejar dentro do parque", refere.
Segundo aquele responsável, a maior parte dos voluntários inscritos para a ação são jovens com menos de 20 anos, sendo a camada jovem a que aparenta ter mais consciência ambiental, podendo mesmo desempenhar "um papel fundamental na sensibilização das próprias famílias".
Artur Gregório lembra que as consequências ambientais da deposição ilegal de lixo afeta também os recursos hídricos, uma vez que a água das chuvas que "lava" os resíduos volta novamente ao seu ciclo natural, podendo contaminar a água que as pessoas bebem e os alimentos que comem.
O antropólogo espera que a limpeza de lixeiras não seja "apenas mais um momento" e não se cinja apenas ao dia 20 de março, estendendo-se por outros dias pois, graceja, os portugueses "conseguem organizar-se para mais coisas sem ser o futebol".
Além da área do Ludo e Pontal, a ação de limpeza em Faro vai ainda estender-se às margens da Ria Formosa e praia de Faro, onde será também efetuada limpeza subaquática, a Estói, à Falfosa e à zona ribeirinha da cidade.
Nas zonas da Horta da Areia (junto ao cais comercial da cidade) e Cerro do Bruxo (na periferia) vão ainda estar envolvidos nas limpezas elementos dos clãs de etnia cigana que ali vivem em acampamentos, uma ação preparada em conjunto com o serviço de Ação Social da Câmara de Faro.
Lusa