Segundo Sebastião Teixeira, um dos responsáveis da ARH, o mar galgou o cordão dunar da ilha, dividindo-a em duas, e a nova barra funcionou na enchente e durante a primeira hora da vazante, mas será necessário aferir se ela funciona mesmo, com a próxima semana e os próximos dias a serem críticos.

Teixeira disse ainda que este é “um fenómeno natural raro que só acontece de 50 em 50 anos”, e a barra atual fechará naturalmente se a nova vingar.

"Na sequência da tempestade, o mar retomou o galgamento que tem vindo a fazer no último mês, apanhou uma zona de fraqueza em frente ao canal dragado rasgou uma protobarra. A barra funcionou na enchente, porque via-se que o que entrava não eram apenas ondas mas também corrente, e estive lá até à primeira hora da vazante e está a vazar", explicou.

Sebastião Teixeira afirmou que "a barra está oficialmente criada" e é necessário agora "ver se aguenta como barra ou não", com "a primeira semana e os próximos dias a serem críticos".

"Daqui a uma semana veremos com certeza se vingou ou não vingou", disse, precisando que é necessário "esperar nos próximos dias para ver se escoa durante a maré toda, se abre o canal natural, ou não".

"Oficialmente a barra já funcionou nos dois sentidos, na enchente e na vazante, e foi aberta. Se se mantém ou não, vamos ver", acrescentou, frisando que "o que se espera é que o rasgão que foi aberto agora e por onde ela circula vá aumentar".

"E é muito provável que mais algumas casas sejam destruídas, não na sequência do mar, mas do alargamento da barra", alertou.

Questionado se esta abertura natural trava os trabalhos que tinham sido anunciados pela secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Fernanda do Carmo, quando há cerca de semana e meia visitou a ilha, para abertura de uma nova barra, Sebastião Teixeira respondeu que sim.

"Em princípio sim. Se a ideia era abrir uma barra e se ela abriu naturalmente, não faz sentido estar a abrir outra, porque para abrir outra tinha que se fechar esta e fechar uma barra é muito difícil", respondeu.

O responsável da ARH disse ainda que o fenómeno de abertura natural de uma barra pelo mar "é raro, mas é normal".

"Isto é o processo natural das barras, que abrem numa posição mais a poente, migram até uma posição limite, que é onde ela está agora, começam a ficar com dificuldades de escoamento, até que há um momento em que o mar abre uma mais a poente e recomeça o ciclo", explicou.

Teixeira acrescentou que "a barra da Fuzeta tem dois ciclos históricos, com intervalo de 50 anos" e agora “abriu no sítio onde havia outra nas décadas de 40/50" do século passado.

Lusa