O investigador Marco Sousa Santos é o vencedor da segunda edição do prémio literário para ensaio histórico António Rosa Mendes, atribuído bienalmente pela Câmara de Vila Real de Santo António, foi ontem anunciado.
José Carlos Barros, presidente da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António e presidente do júri do prémio criado para homenagear o antigo professor e investigador da Universidade do Algarve, natural dessa localidade algarvia e falecido em 2013, justificou a escolha de Marco Sousa Santos com o “mérito historiográfico” do seu trabalho sobre a escravatura no Algarve durante a Idade Moderna.
José Carlos Barros disse ainda que o júri do prémio “inclui professores e investigadores de reconhecida qualidade e mérito” e que privaram com António Rosa Mendes, como José Eduardo Horta Correia, Luís Filipe Oliveira ou Joaquim Romero Magalhães, e que distinguiram com menções honrosas a David Roque e Nelson Vaquinhas.
Marco Sousa Santos recebeu das mãos da viúva de António Rosa Mendes o cheque de 10.000 euros destinado ao vencedor desta segunda edição e, no final da cerimónia, realizada nos paços do concelho, afirmou à agência Lusa que o trabalho sobre a escravatura no Algarve entre 1444 a 1773 deixaria o antigo professor orgulhoso, porque segue os valores que este lhe transmitiu enquanto seu “professor e mestre” na Universidade do Algarve.
“Não posso falar por ele, como é óbvio, mas penso que ele estaria orgulhoso deste trabalho, não só pelo tema, mas como a questão foi tratada, com espírito crítico, com o distanciamento possível e com objetividade, de modo a valorizar, e não a exacerbar, aquilo o que é o Algarve – porque o Algarve não é uma região diferente das outras, mas é uma região que tem o seu património e a sua identidade própria”, justificou o vencedor.
Marco Sousa Santos lembrou que já tinha sido o vencedor, “ex-equo” com Daniel Giebels, na primeira edição, em 2015, e tinha prometido usar parte do prémio para “continuar a investigação”.
“E hoje posso dar contas de como parte dessa verba foi utilizada para valorizar e para continuar a investigação sobre o que é a nossa identidade enquanto algarvios, o nosso património e a nossa história”, acrescentou.
O título do trabalho é “Contributos para a história da escravatura no reino do Algarve durante a idade moderna” e o autor considerou que, “apesar de esta já ser uma investigação bastante exaustiva, haveria sempre muito mais a dizer” sobre o tema abordado.
“Esta é uma primeira abordagem sobre um tema que é bastante complexo, que já tinha sido alvo de pequenos estudos e estudos pontuais de alguns investigadores, e muito válidos, como é óbvio, mas penso que agora ficámos com um estudo mais abrangente sobre o que terá sido este fenómeno da escravatura na Idade Moderna na região algarvia”, considerou.
Igualmente presentes na cerimónia estiveram o presidente das Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes, a diretora regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, e Paulo Águas, em representação da reitoria da Universidade do Algarve, e todos destacaram o contributo de António Rosa Mendes para o conhecimento científico e histórico do Algarve e a sua influência como professor e investigador para várias gerações de estudantes.