Na última audiência na 7.ª Vara do Tribunal Cível de Lisboa, no Palácio da Justiça, vão ser inquiridas ainda duas testemunhas apresentadas pela defesa de Guerra & Paz, a editora do livro do ex-inspector da Polícia Judiciária (PJ) Gonçalo Amaral, retirado do mercado provisoriamente a 09 de Setembro de 2009.

O casal McCann, que, de acordo com fonte da família, viaja para Lisboa no final de terça feira e que deve regressar a Londres na parte da tarde de quarta feira, fundamentou a providência cautelar por considerar insustentável a tese de Gonçalo Amaral reproduzida no livro de que os dois estão envolvidos no desaparecimento da filha, simularam rapto e ocultaram o cadáver.

As testemunhas da defesa ouvidas em tribunal argumentaram que a teoria de Gonçalo Amaral resulta da investigação e Kate e Gerry McCann, presentes nas audiências realizadas de 12 a 14 de janeiro, negaram a existência de provas da morte da filha em depoimento aos jornalistas.

Os pais de Madeleine McCann sublinharam que não eram eles que estavam em julgamento, além de terem notado que não recorreram ao tribunal para silenciar Gonçalo Amaral.

Além do ex-agente da PJ e da Guerra & Paz, são visadas neste processo a TVI, que exibiu documentário baseado no livro, e a produtora Valentim de Carvalho, que comercializou o vídeo.

Depois da decisão sobre a providência cautelar, sentença que poderá ser proferida na própria quarta feira, a juíza Gabriela Cunha Rodrigues marcará as sessões da ação principal, em que a família McCann reclama proteção de direitos, liberdades e garantias.

A correr trâmites encontra-se também outra ação cível contra Gonçalo Amaral, com a acusação de declarações consideradas difamatórias, na qual o casal britânico pede uma indemnização de, pelo menos, 1,2 milhões de euros.

Este processo, sem datas marcadas para julgamento, tem também uma providência cautelar anexa, estando o tribunal a desenvolver diligências para o arresto de bens a Gonçalo Amaral.

Kate e Gerry McCann interpuseram ainda uma queixa crime contra o ex-inspector da PJ por alegada violação do segredo de justiça na reprodução de factos da investigação no livro antes do despacho de arquivamento do procurador da República de Portimão, Magalhães Menezes.

A criança inglesa Madeleine McCann desapareceu em 03 de maio de 2007 do quarto de um apartamento num aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve, onde se encontrava de férias com os pais e os dois irmãos.

Na qualidade de coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral integrou a equipa de investigadores que tentou apurar o que aconteceu a Madeleine.

Kate e Gerry McCann, que sempre mantiveram a posição de que Maddie foi raptada, foram constituídos arguidos em Setembro de 2007, mas acabaram por ser ilibados em Julgo de 2008 por falta de provas. O processo foi arquivado, mas pode ser reaberto se existirem dados consistentes.