Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Luís Paulino Pereira, médico de medicina familiar no Centro de Saúde da Ajuda, em Lisboa, veio ao Algarve no passado dia 20 de outubro apresentar o seu livro, intitulado “Para que tenham vida”, publicação que resultou do seu contributo quinzenal como colunista no jornal Sol desde 2016.

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Aquele clínico, que também trabalha no Hospital de Jesus da capital, explicou que a obra procurou ajudar os leitores a “seguirem um caminho para que possam ter vida, uma vida com qualidade, plena, gratificante e em abundância” e lembrou que os artigos publicados no semanário nacional “têm um denominador comum: a defesa da vida”. “Sempre que posso faço-o através de histórias com episódios da vida real para que a mensagem passe mais facilmente”, observou.

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Paulino Pereira disse ainda que a publicação teve também como finalidade ajudar o IPO com a verba resultante dos direitos de autor, da qual prescindiu integralmente. “Se, com este livro, eu conseguir ajudar alguém; se este livro, que eu tenho a secreta, mas legítima esperança poder contribuir para ajudar nem que seja uma pessoa, também eu digo: já valeu a pena”, afirmou no Centro Pastoral da Matriz de Portimão, onde teve lugar a sessão de apresentação.

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Explicando que a obra está dividida em três capítulos – saúde, sociedade e fé –, o autor citou o seu colega Fernando Pádua para defender que “a saúde é um bem importante de mais para estar só na mão dos médicos”. “Cada um deve aprender a cuidar da sua saúde”, alertou, acrescentando que “aprender pressupõe ensinar, isto é, haver alguém que diga como é que se faz”. “O médico de família ou o médico assistente é a pessoa mais credibilizada para o fazer”, sustentou, considerando que se estão a “viver tempos complicados em que a sociedade parece contrariar este princípio”. “Vejamos, por exemplo, estes lamentáveis apelos à automedicação que nós encontramos na televisão”, criticou, pedindo às pessoas que “não se automediquem porque está errado”.

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“Procuro por o dedo na ferida destes vícios instalados entre a população no sentido de os evitar”, prosseguiu, lamentando haver doentes que vão às suas consultas para pedir que as mande fazer determinados exames.

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Luís Paulino Pereira considerou que hoje a medicina em Portugal “tem uma resposta que antigamente não tinha” e que o país ombreia em matéria de tratamentos inovadores com os mais desenvolvidos do mundo, mas criticou a “informática feroz” que disse afetar a relação médico-doente “onde os doentes com nome deram lugar aos doentes com número” e defendeu a reestruturação do Serviço Nacional de Saúde com base na “legislação”, nos “funcionários” e nos “utentes”.

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O autor vincou ainda que “um médico é um profissional que, seja em que circunstância for, está sempre e só ao serviço da vida” e, por conseguinte, “tem que lutar pela vida desde a sua conceção até a morte natural”. “Eu não concebo um médico aceitar matar um doente”, frisou, lembrando que “eutanásia não é acabar com o sofrimento”. “Eutanásia é acabar com a vida. Eu não posso aceitar que, para acabar com o sofrimento de um ser humano, se tenha de matar”, acrescentou, garantindo que, presentemente, já “não há sofrimento insuportável” devido ao avanço da medicina paliativa.

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Paulino Pereira realçou que “o médico tem que ter vocação para ser médico”. “Infelizmente estão cá muitos que não deviam cá estar”, concluiu.

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O representante da Paulus Editora, que editou a obra, explicou que a publicação veio a lume no âmbito dos 40 anos do autor no exercício da medicina e considerou que o livro, constituído por uma secção de 40 textos, é “um testemunho da fé vivida no quotidiano da saúde”. O padre José Carlos Nunes agradeceu ao médico-escritor pelo “apostolado epistolar” desenvolvido.

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Carolina Silva, do jornal Sol, considerou que o autor “questiona a sua profissão e insurge-se contra uma certa desumanização da medicina vista como uma indústria em que os doentes são encarados como simples peças” e “luta por uma medicina mais humana onde a relação entre o médico e o doente não se perca”.

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O pároco da matriz de Portimão também agradeceu a reflexão do clínico. “A nossa vida, quando é envolvida por uma dimensão espiritual, a dignidade da pessoa humana ganha a dimensão da transcendência e ganha um outro sentido”, afirmou o padre Mário de Sousa.

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