Numa recente entrevista ao jornal espanhol "La vangardia", Cavaco Silva recordou que o referendo português sobre a regionalização foi um "sinal claro sobre a força da identidade étnica, linguística e cultural" e que "60% dos portugueses rejeitaram a regionalização em Portugal, porque a consideravam uma invenção dos políticos".

Para Mendes Bota estas declarações do PR foram "infelizes", "inexatas"e deixaram-no "estupefacto".

"O Presidente da República não foi feliz nas declarações que entendeu proferir sobre a regionalização em Portugal, ao jornal de Barcelona. Estranhamente, escolheu precisamente a Catalunha, um dos exemplos mais fortes da pujança política e do desenvolvimento económico e social da descentralização regional, para defender o centralismo português, que faz de Portugal o único país da Europa que não tem um nível intermédio de administração entre os municípios e o governo", declarou à Lusa Mendes Bota.

Mendes Bota refere ainda que as declarações do Presidente da República são "inexatas" por darem a entender que "Portugal rejeitou a criação de comunidades autónomas como as espanholas, o que é incorreto".

"O que esteve e está em causa é um simples modelo de regionalização administrativa, sem poderes legislativos, nem criação de uma nova classe política. É isso que está na Lei de Bases em vigor, cujo autor foi precisamente um governo presidido pelo atual Presidente da República, em 1991, enquanto era primeiro ministro", recorda o também deputado no Parlamento.

Para o presidente do movimento "Regiões, Sim" "não há referendos com efeitos perpétuos", lembrando que “o referendo à regionalização já foi há mais de 12 anos".

"O poder constituinte é sempre do povo, e renova-se sempre que o povo quiser e decidir. O mundo evolui, e a opinião pública também. O mundo evolui, e a opinião pública também. Em 1996, poder-se-á dizer o povo não desejou Cavaco Silva, e isso não obstou a que, dez anos depois, viesse a elegê-lo", lembrou Mendes Bota.

“O país não parou em 1998. E o modelo centralista já deu sobejas provas de que só tem acentuado os desequilíbrios regionais e a desertificação humana e económica da maior parte do território nacional”, reforçou.

Lusa