Em declarações à Lusa, Mendes Bota revelou também que, além da conversa com Pedro Passos Coelho, no quadro da sua ação parlamentar fará nos próximos dias um conjunto de perguntas ao Governo sobre a matéria.

“Tenho que apelar ao Governo para evitar esta decisão do INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica], que seria prejudicial para o Algarve e para o País”, disse, frisando que não ficará à espera do curso do requerimento que entregará na mesa do Parlamento, mas dará “conhecimento por via direta junto do primeiro-ministro desta visão sobre as consequências desta decisão”.

O histórico dirigente do PSD/Algarve disse que, nas perguntas ao Governo, vai pedir os contratos de cedência do serviço e perguntar “quanto custa cada helicóptero e quantos serviços fez cada um”, porque “se a preocupação é a redução de custos provavelmente está na hora de se revogarem esses contratos leoninos que fizeram com os fornecedores dos serviços de helicóptero”.

O deputado eleito pelo distrito de Faro declarou-se surpreendido pelas declarações do presidente do INEM, segundo o qual três dos cinco helicópteros atualmente ao serviço do instituto a nível nacional – em Loulé, Macedo de Cavaleiros e Aguiar da Beira – poderão deixar de trabalhar à noite.

“Não se anuncia que se está em reflexão. Lançar o alarme social quando se diz que ainda se vai tomar uma decisão até ao final do ano, revela pouca sensibilidade”, acusou.

Além das questões “de vida ou de morte” ligadas ao serviço, Mendes Bota mostrou-se preocupado com os efeitos que as notícias sobre a inexistência de serviço de helicóptero à noite causarão no Turismo algarvio.

“Não é inócuo correr a notícia de que vai deixar de haver, por razões de penúria orçamental, o apoio de helicóptero a situações de sinistralidade e emergência”, enfatizou.

Por outro lado, sublinhou que, num contexto em que a fluidez do trânsito na EN 125 “vai ser dramática em certos períodos do dia e do ano”, devido à instalação de portagens na A22, o próprio trânsito de ambulâncias será mais lento.

“Com todo o respeito, porque uma vida no Algarve é tão importante como uma vida em Macedo de Cavaleiros ou Aguiar da Beira, mas estamos a falar do Algarve e o helicóptero estacionado em Loulé cobre não apenas o Algarve mas também o Baixo Alentejo, isto é, no conjunto, quase um terço do País”, disse.

Mendes Bota relevou ainda que o próprio INEM solicitou recentemente obras de remodelação na pista de Loulé à câmara local, precisamente para permitir a melhoria de condições nos voos noturnos.

“São obras que custam quase 800 mil euros, que tiveram um apoio comunitário de 70 por cento e que agora não vão servir para nada”, sublinhou.

Em entrevista à agência Lusa divulgada segunda-feira, o presidente do INEM disse que três dos cinco helicópteros atualmente ao serviço do INEM a nível nacional poderão deixar de trabalhar à noite, já que a sua produção naquele período se tem revelado muito reduzida.

Em causa, segundo Miguel Soares de Oliveira, estão os dez milhões de euros por ano que custa a manutenção em atividade daqueles aparelhos 24 horas por dia e as poucas saídas à noite das aeronaves estacionadas em Macedo de Cavaleiros, Aguiar da Beira e Loulé.

Lusa