D. Manuel Quintas lamenta ainda a guerra que também contrasta com o espírito e os valores da quadra
Na sua mensagem de Natal, divulgada esta tarde pela diocese, o bispo do Algarve faz eco do apelo de todos os bispos portugueses, através de nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que pede que “as famílias e os profissionais de saúde, a quem deve ser sempre garantida a objeção de consciência, rejeitem as possibilidades abertas pela legalização da eutanásia e do suicídio assistido”.
“Nunca deixem de testemunhar que a vida humana é sempre um dom precioso, em todas as suas fases, desde a conceção até à morte, que nunca deve ser intencionalmente provocada”, prossegue D. Manuel Quintas.
O bispo diocesano considera que a “recente aprovação parlamentar da eutanásia e do suicídio assistido” “contrasta com o espírito e os valores natalícios”. “Estranhamos como os que legislam e nos governam não colocam o mesmo empenho e a mesma determinação, em dotar o nosso sistema de saúde de cuidados paliativos acessíveis a todos, tão fundamentais para combater e aliviar o sofrimento”, lamenta, considerando que “infelizmente constituem verdadeira «miragem»” e levam a “a considerar o recurso à eutanásia e ao suicídio assistido, como uma solução mais rápida e menos onerosa”.
“Que ninguém se sinta constrangido a este recurso por falta da devida assistência”, pede o responsável católico, acrescentando que “acompanhar e confortar os que sofrem e os que deles cuidam, ajuda a restabelecer a esperança e é sinal de dignificação da vida humana até ao seu termo natural”. “O acolhimento, a defesa e a promoção da vida situa-se para além da ordem legislativa e jurídica”, prossegue, acrescentando: “acolher, promover, defender, festejar a vida como o dom por excelência de Deus é a grande lição que reaprendemos em cada Natal e em cada nascimento de um novo ser humano”.
Na mensagem, num vídeo gravado, o bispo do Algarve começa por lembrar que “contrastam com o espírito e os valores do Natal todas as guerras que persistem em diversos países, nomeadamente a guerra na Ucrânia, implacável na sua ação destruidora de bens e de vidas humanas inocentes, cujas consequências”, lembra, chegam “com a subida dos preços dos bens de primeira necessidade, provocando o aumento da pobreza”.
“Na próxima noite de Natal cumprem-se dez meses do seu início. Recorda-no-lo o arcebispo da Igreja Greco-Católica de Kiev, Sviatoslav Schevchuk, em carta dirigida ao presidente da (CEP) e a todos os bispos portugueses”, refere D. Manuel Quintas, lembrando o apelo do bispo ucraniano aos congéneres portugueses.
“Nela descreve o sofrimento, a destruição e a morte provocados por esta guerra «inimaginável no início do terceiro milénio»; reconhece o apoio e a solidariedade dos diferentes países da Europa e do resto do mundo, bem como o seu verdadeiro amor cristão, manifestado no acolhimento aos refugiados; testemunha o modo como as comunidades cristãs ucranianas se envolveram com os seus párocos na proximidade aos mais atingidos e na resposta social, de vária ordem, aos mais necessitados”, realça.
D. Manuel Quintas apela à “conhecida generosidade das comunidades cristãs algarvias, bem como a todos quantos, de boa vontade a elas se unirem, na resposta a este pedido”. “Que a vossa ajuda possa significar para cada um de vós, mais um lugar à mesa na ceia de Natal com a vossa família”, acrescenta.
MENSAGEM DE NATAL Celebrar o Natal: acolher, promover e defender a vida! Aos meus caros diocesanos e todos os que nos visitam e passam entre nós esta quadra festiva, dirijo uma mensagem fraterna com o convite a celebrarmos o Natal como a grande festa da vida, iluminados pela luz que brilhou na noite de Belém. Na frágil criança de Belém, simbolicamente presente em todos os presépios do mundo, contemplamos um Deus que decide assumir o que nós somos, para que nós tenhamos acesso ao que Ele é. A vida que brota do mistério da encarnação do Verbo de Deus, ajuda-nos a entender, de modo mais pleno, a nossa humanidade, bem como os valores que, quando acolhidos, defendidos e promovidos, contribuem para tornar este mundo mais solidário e mais fraterno. Deste modo a fraternidade cristã não se fundamenta, sem mais, numa igualdade de direitos, mas num dom do Alto, dom de Deus que nos é dado e nos capacita para nos acolhermos uns aos outros e juntos construirmos um mundo mais justo para todos.
Desejo a todos um Natal Feliz e um Novo Ano abençoado pela presença desde Deus-Menino, fonte da Vida plena, que vos convido a acolher na alegria, na esperança e na paz. Faro, 16 de dezembro de 2022. † Manuel Quintas, Bispo do Algarve |