São Bartolomeu de Messines encerrou no passado dia 21 de setembro a celebração da solenidade em honra de Nossa Senhora da Saúde, a principal festa religiosa da freguesia, que se cumpre há vários séculos.

Este ano, as festividades concentraram-se somente numa semana, em virtude de uma intervenção que a imagem de Nossa Senhora foi alvo entre 16 de janeiro e 13 de setembro. “A operação visou devolver a dignidade à Santíssima Virgem, bem como recuperar parte da magnitude artística da obra, desvirtuada por uma repintura realizada em 2013-2014”, explica a paróquia em comunicado enviado ao Folha do Domingo, acrescentando que “a imagem foi intervencionada por uma equipa de profissionais de conservadores-restauradores, devidamente credenciados na área, com coordenação técnica de Conceição Ribeiro, no Centro de Conservação e Restauro, em Palmela”.

“Após um aturado projeto de estudo e exame a intervenção culminou no des-restauro das duas últimas repolicromias e na integração cromática das áreas danificadas. Durante o excelente trabalho, verificou-se que a veneranda imagem terá sido irreversivelmente adulterada num restauro ainda anterior que removeu grande parte do estofado dos panejamentos, da policromia original”, refere ainda a informação, considerando que “ainda assim, o resultado alcançado foi bastante satisfatório para as zonas das carnações das figuras que agora se apresentam com as superfícies policromas da época da execução da escultura”.

A intervenção teve um custo total de 13.663 euros, sendo 9.840 respeitantes ao restauro propriamente dito e 3.823 ao seguro e transporte. A intervenção contou com a coordenação do historiador Aurélio Nuno Cabrita, e colaboração de Maria Cavaco Silva, dos padres Carlos Aquino, Atalívio Rito e Eduardo Colocho, bem como do apoio financeiro de várias entidades, entre as quais o Município de Silves, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Santuário de Fátima e a Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines.

A imagem da Virgem com o Menino, sob a invocação da festa, é uma escultura de vulto perfeito, de madeira policromada, da segunda metade do século XVIII, de tamanho próximo do natural. Terá sido, muito provavelmente, encomendada no Laboratório do famoso escultor régio, Joaquim Machado de Castro (1731-1822), sediado em Lisboa. “Esta peça, para além da excepcionalidade do entalhe, tem a particularidade da Virgem apresentar o Menino à frente, segurando-o com ambas as mãos, esculpido num bloco de madeira, habilmente encaixado”, destaca a nota.

Este ano, a solenidade compreendeu a descida da imagem do santuário para a igreja matriz, em procissão de velas, na noite de 14 de setembro, tríduo de oração mariana nos dias 18, 19 e 20 e, por fim, a missa solene, seguida de procissão de regresso ao santuário, no dia 21 de setembro.

Naquele dia centenas de peregrinos acorreram à romaria deixando repleta a igreja matriz, onde o pároco de São Bartolomeu de Messines, padre Eduardo Colocho, presidiu à celebração eucarística da festa, tendo esta sido concelebrada pelo padre José Águas (pároco de Algoz e Guia).

Após o término da celebração, que contou com a participação do coro da paróquia, teve lugar a procissão, sendo o andor com a Virgem escoltado pelos Bombeiros Voluntários e transportado por um carro da mesma corporação. Ao recolher do cortejo houve sermão do padre José Águas. Acompanhou a procissão a Banda Filarmónica de Silves.

Os festejos encerraram com a realização de um arraial, com animação musical que decorreu no salão dos Bombeiros Voluntários.

Colaboraram também na festa o Agrupamento 1339 do Corpo Nacional de Escutas e a Guarda Nacional Republicana.