O padre Pedro Manuel, da Capelania da UAlg, apresentou o conferencista Miguel Oliveira Panão, jovem investigador universitário, doutorado em engenharia mecânica pelo IST e colaborador do Centro de Estudos de Filosofia da UCP.
Com o auditório bem composto, o Miguel Oliveira Panão demonstrou, ao longo de uma hora, que é possível o diálogo entre a Ciência e a Fé. Socorrendo-se de experiências do quotidiano e de algumas situações mais ligadas à área técnica, o conferencista afirmou que nada se consegue sem esforço, sem estudo, sem treino.
Como demonstração, exercitou o problema do cubo de Rubik, que estudara e que em poucos minutos conseguiu resolver. “Mas como é que a Ciência e a Fé interagem entre si? Não sem conflito”, afirmou.
De seguida, deu exemplos de cientistas, cuja fé serviu de fundamento ao conhecimento científico e afirmou que nesta matéria é necessária uma “abordagem transdisciplinar”, sendo aqui o prefixo “trans” sinónimo de “para além de”.
Tocando ao de leve aspectos da física, da mecânica quântica, da ideia de complexidade, do reducionismo, da teologia como ciência de Deus, de Deus como entidade que tudo determina, do big bang e da criação, Miguel Panão citou uma passagem de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, relacionada com este tema: “Jesus abandonado porque não-é, é. Ele fez Seu – por amor – este não-ser, a que podemos chamar negativo, e transformou-o em Si”.
Sobre a criação, referiu que há 40 anos, o então Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, dizia que “não se deve pensar Deus como um artífice, mas como o Seu pensamento é criativo”.
Depois de mencionar também alguns outros autores crentes e ateus, disse que o que une crentes e não-crentes é a dúvida, a busca constante da verdade, deixando no ar a questão: “O que é a verdade?”.
Para terminar, colocou a seguinte questão: “É possível o diálogo entre a Ciência e a Fé?”, e respondeu: “Porque não?”. “Deus continua a criar e os milagres permitem-nos uma transformação radical da nossa visão do mundo, de uma visão da morte para a vida”, afirmou. “Por seu lado, os cientistas, munidos de um humilde desejo que conhecer, continuam a procurar construir o «puzzle» da realidade, surpreendendo-se com o acto criador, com o inesperado, com o que está e o que vai sendo criado, sendo ao mesmo tempo co-criadores, numa relação de comunhão, nos eventos dinâmicos e históricos, ou seja, na história de Deus com a Humanidade”, acrescentou.
Ana Maria Pimenta