Sob o tema “E nós por cá”, a crise económica domina a decoração dos 14 carros alegóricos que entre o próximo domingo e na terça-feira vão desfilar naquele que é um dos mais antigos carnavais do país.

Enquanto não saem à rua, a decoração dos carros é ultimada por dezenas de funcionários da autarquia que se desdobram em pinturas e retoques na oficina do Carnaval de Loulé, que pelo primeiro ano funciona na zona industrial da cidade.

Os processos judiciais “Face Oculta”, “Apito Dourado” e “Furacão” a andarem a passo de caracol e um palhaço a seguir a direção de uma placa a indicar um posto de combustível em Espanha são outras das sátiras apresentadas.

A montagem e decoração dos carros, processo que envolve no total cerca de 90 pessoas, começou há mais de dois meses.

Na oficina, inaugurada há um mês e onde se pode assistir ao vivo ao trabalho dos artistas, funciona agora também o Museu do Carnaval, uma área de exposição permanente que reúne a história de mais de 100 anos de corso.

O Carnaval de Loulé também não escapou à crise e o orçamento para este ano foi reduzido em 100 mil euros para 300 mil euros, embora segundo a organização a redução da verba não se tenha refletido numa poupança na quantidade de carros ou bonecos.

“Este ano a Câmara de Loulé decidiu apostar mais na prata da casa e não recorreu a artistas de fora para construir os carros e os bonecos” disse o funcionário da autarquia que há 13 anos está envolvido na organização do Carnaval.

Dos 14 carros alegóricos, 10 são dedicados à sátira e este ano até há um “toque” de sátira internacional, o que segundo a organização não é muito habitual, com Nicolas Sarkozy e Carla Bruni de biquíni a serem puxados por uma carroça de ciganos.

Paralelamente ao desfile de Carnaval, a autarquia organiza também um Baile de Carnaval na segunda-feira, véspera do Entrudo, e, pela primeira vez, uma prova de desportiva “kitesurf”, na praia da Falésia.

Folha do Domingo/Lusa