A nova creche, que abriu ontem portas com a sua capacidade total preenchida, recebe 33 crianças dos 4 meses aos 3 anos, distribuídas pelo berçário (8), sala de 1 ano (10) e sala de 2 anos (15), podendo agora alargar a sua capacidade a 38 crianças – mais duas crianças no berçário e três na sala dos 2 anos – de acordo com a recente alteração à legislação que o Governo implementou no âmbito do Programa de Emergência Social.

A intervenção de Pedro Mota Soares no dia anterior salientou sobretudo esta medida que visa o aumento da capacidade instalada das creches que potencialmente poderá criar mais 20 mil lugares a nível nacional, passando as mesmas a acolher mais duas crianças nos berçários (10), mais quatro nas salas de 1 ano (14) e mais três nas salas de 2 anos (18).

O ministro da Solidariedade e Segurança Social, que lembrou ainda que “o cenário de desestruturação social é cada vez mais crescente à medida que as condições financeiras e sociais de um país se vão desagregando”, afirmou que “a quebra do núcleo familiar e de algumas relações de vizinhança, enquanto suporte básico do desenvolvimento social e emocional, levanta a procura de soluções complementares para os cuidados da criança fora do espaço familiar”. “Importa compatibilizar a realização profissional das famílias com a realização familiar e a educação dos nossos filhos”, afirmou Mota Soares, considerando que “as creches assumem assim um papel determinante para a efetiva conciliação entre a vida familiar e a vida profissional das famílias”. “Importa fortalecer a resposta que propicie às nossas crianças um espaço de socialização e de desenvolvimento integral que inicie e salvaguarde um percurso educativo, ao mesmo tempo que se auxilia a manutenção do sustente parental e o encontro deste com o mercado de trabalho”, complementou o governante.

Mota Soares reconheceu ainda que as instituições sociais, que “não se deslocalizam”, “vivem de mãos dadas com as economias locais, apostando nos pequenos produtores locais” e “são fundamentais para assegurar a empregabilidade em muitos concelhos e a pessoas às quais o mercado de trabalho vira as costas”.

O padre Carlos de Aquino, presidente da direção do Centro de Bem-Estar Social de Nossa Senhora de Fátima, destacou que a construção da nova creche muito se deve ao princípio da subsidiariedade que irmana Instituições Particulares de Solidariedade Social e Estado e que a obra se afirma como uma “sóbria e profética resposta social às necessidades reais” do concelho de Olhão. A mesma ideia foi reforçada por Helena Grilo, diretora da creche, que, em declarações à FOLHA DO DOMINGO, garantiu que “há muita procura em Olhão ao nível do pré-escolar, principalmente no que se refere ao acolhimento de bebés”.

Também Francisco Leal, presidente da Câmara de Olhão reconheceu que “a creche era uma valência que o concelho necessitava”. “Há mais uma resposta de âmbito social muito importante para nós”, complementou o autarca, destacando o trabalho das irmãs franciscanas em Olhão. “De maneira discreta, fazem um trabalho que temos de reconhecer e que a comunidade olhanense e algarvia muito aprecia”, disse evidenciando que “o Estado não teria nunca possibilidade de montar um sistema que desse resposta às necessidades se não fossem as instituições e o voluntariado desta gente que se dedica a ajudar os outros”.

À FOLHA DO DOMINGO, o padre Carlos de Aquino lamentou as “exigências e as burocracias que foram sendo impostas” pela Segurança Social desde 2009 até hoje. “A cada processo entregue havia sempre uma exigência maior e, durante este tempo, houve leis que também mudaram. Isso dificultou muito a aprovação dos projetos Se não fosse a perseverança e, atendendo a que esta obra era essencial para o serviço social do concelho, teríamos esmorecido”, afirma.

A obra, cuja bênção e lançamento da primeira pedra foi feito em outubro de 2009, começou a ser construída em maio de 2010 e terminou em julho passado, custou cerca de 380 mil euros e teve apoio do Estado, no âmbito do programa PARES, no valor de 60 por cento e de 40 mil euros por parte da Câmara de Olhão.

O edifício, que ficou preparado para a construção futura de um infantário no primeiro andar para crianças dos 3 aos 5 anos, está implantado no terreno que já acolhe as dependências da casa que acolhe meninas em risco 3 aos 18 anos, tem área coberta de 435 m2 e dá trabalho a oito funcionários.

Samuel Mendonça