A Santa Casa da Misericórdia de Faro (SCMF) vai construir um novo lar de idosos em duas fases com capacidade total para 80 utentes.
A primeira fase, com prazo de construção de um ano e cuja cerimónia de bênção e lançamento da primeira pedra decorreu no passado dia 15 deste mês, permitirá a criação dos primeiros 40 lugares.
A primeira fase da obra, a edificar em piso térreo no terreno, propriedade da SCMF, com área total de 5560 m2, terá uma área bruta de construção de 1170 m2 e os custos orçamentados são de 1,3 milhões de euros (acrescido de IVA) com prazo de empreitada de um ano. Segundo adiantou o provedor José Candeias Neto, o projeto “não conta com apoios estatais, tendo somente sido apresentada uma candidatura ao Fundo Rainha D. Leonor, promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na área do envelhecimento, que mereceu “parecer favorável”. “Espera-se que o fundo atribua algum apoio financeiro”, referiu Candeias Neto na cerimónia de lançamento da primeira pedra sem especificar o montante do apoio.
O provedor explicou que as obras de remodelação e de beneficiação do edifício-sede, “previstas para breve”, e o encerramento do Lar do Montinho são os motivos que exigem da parte da instituição uma “resposta eficaz e célere no que toca ao realojamento das pessoas” e que a levaram a dar início à construção de um “velho sonho”. Aquele responsável salientou que as intervenções no lar-sede provocarão uma “redução significativa da capacidade de instalação, passando de 110 pessoas para 87” e que do lar a encerrar (que chegou a albergar 23 idosos) terão de ser realojados os seus oito utentes. “No global, a Santa Casa terá de realojar 31 pessoas a curto prazo”, contabilizou, acrescentando que as obras de reabilitação no edifício-sede, além de necessárias inserem-se nas recomendações da Segurança Social.
Candeias Neto disse que “no momento atual assiste-se a uma aceleração do processo do envelhecimento da população portuguesa, aliada ao aumento significativo da taxa de pobreza proveniente de setores desprotegidos da população que, por vicissitudes diversas, se encontram em situação de vulnerabilidade”. “Este estado de coisas não passou, nem passa, indiferente à Misericórdia de Faro”, alertou.
Na área do envelhecimento, a SCMF assiste 200 pessoas. Dos 11 equipamentos sociais implantados no concelho de Faro, que no total têm capacidade para acolher 524 pessoas, três pertencem à SCMF. A taxa de cobertura é de 4,5% num universo populacional residente de 64.500 habitantes e, destes, 18,5% têm mais de 65 anos. Para além da valência para idosos, na qual se inclui também um centro de dia, um serviço de apoio domiciliário e uma unidade de cuidados continuados, a instituição tem ainda dois infantários, um centro de atividades de tempos livres, uma cantina social, uma loja social, um refeitório social e uma escola profissional.
Na cerimónia de lançamento da primeira pedra no terreno situado na rua Vicente Ossónoba, perto da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa, o engenheiro da obra destacou que o futuro edifício foi “projetado com objetivo de facilitar e humanizar o mais possível o dia-a-dia dos utilizadores”, possuindo os 20 quartos da primeira fase de construção casa de banho privativa, banho geriátrico, enfermaria e porta de acesso ao exterior “de modo a que os utentes sintam a máxima liberdade possível de movimentos”.
Segundo Sesinando Louro, o módulo sul inclui receção, sala da direção, sala de serviços técnicos, capela, sala de estar e de visitas e o módulo norte sala de estar e de atividades lúdicas, sala de refeições, cozinha, lavandaria, sala de pessoal e respetivas instalações de apoio, bem como um pequeno edifício autónomo destinado a oficina e arrecadação. “No exterior, amplos espaços verdes utilizáveis, em parte sombreados por uma pérgula amovível e ainda um espaço de apoio destinado a atividades horto-ocupacionais”, descreveu.
O bispo do Algarve, que presidiu à bênção da primeira pedra, destacou a “oportunidade” da obra que vai ser construída, pelo “bem que ela vai realizar” e pela “necessidade” de obras como aquela. D. Manuel Quintas, que se congratulou com a iniciativa de construção do futuro lar, lembrou que “a misericórdia concretiza-se em gestos simples”, “razão de ser de uma Santa Casa da Misericórdia” como aquela.
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que é simultaneamente o presidente da Confederação Internacional das Misericórdias, sublinhou que “todos os dias as Misericórdias de Portugal se confiam à obra de construir novas respostas e ajudar aqueles que precisam”. Manuel de Lemos considerou que a SCMF “tem um trabalho notável” e destacou a “qualidade dos serviços prestados e os afetos que os órgãos sociais e os trabalhadores da SCMF prestam a quem acolhem”.
Aquele responsável considerou ainda que “o envelhecimento é um dos grandes problemas da sociedade portuguesa”. “Temos hoje cerca de 20% de portugueses com mais de 65 anos. Ter mais de 65 anos não é nada grave, o que é grave são as dependências e as necessidades que acrescem”, lamentou.
A mesma ideia defendeu o presidente da Câmara de Faro. “O nosso problema hoje é a terceira idade e se este equipamento vem minimizar esse problema, não o vai resolver e precisamos ainda de mais equipamentos destes e de outro tipo de respostas para a terceira idade”, afirmou Rogério Bacalhau, destacando que “a resposta social da SCMF tem a particularidade de apanhar todas as faixas etárias” e confere um conjunto de serviços “de uma relevância extrema” para a sociedade farense.