Implantado num terreno com cerca de 2500 m2 cedido pela Câmara de Lagos, o edifício é composto por nove quartos individuais e 15 duplos, conta com cozinha, refeitório, sala polivalente, gabinete médico, sala de estar, espaços de arrumos, receção e áreas técnicas e a sua construção representou um investimento de 1,5 milhões de euros com financiamento de 785 mil euros através do POPH – Programa Operacional de Potencial Humano. As acessibilidades ao equipamento foram alvo de intervenção, através de uma empreitada municipal, que representou um investimento adicional de cerca de 117 mil euros.

Após o descerramento das placas de inauguração e a visita às instalações, seguiu-se a sessão protocolar na qual o provedor da Misericórdia de Lagos, com 514 anos ao serviço da população, destacou que “a instituição vai permanecendo” e “alargando, cada vez mais, a sua ação”. Eduardo Andrade garantiu que o seu desígnio é “estar ao serviço das populações, principalmente dos mais necessitados”.

Aquele responsável aproveitou a presença da diretora do Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Faro, Ofélia Ramos, para pedir a comparticipação financeira da Segurança Social ao funcionamento daquele equipamento. “Que as mãos da Segurança Social coloquem este lar ao alcance da população do Barão de São João”, pediu Eduardo Andrade, lembrando que “não existe solidariedade sem meios e sem sustentabilidade”.

Ofélia Ramos afirmou-se “ciente que compete aos serviços de Segurança Social garantir o adequado funcionamento dos serviços e equipamentos sociais no quadro da cooperação entre o Estado e as IPSS” e garantiu ir “envidar todos os esforços no sentido de garantir esse apoio”, apesar das “grandes dificuldades que o país atravessa”.

Aquela responsável disse “discordar das opções tomadas no passado em que se apoiaram a construção de equipamentos com financiamento público sem que estivesse garantido o apoio ao funcionamento”. “Não podemos incentivar à construção de equipamentos sociais ou outros sem garantir o apoio ao funcionamento, principalmente nestes equipamentos cuja sustentabilidade económica depende em grande parte do apoio do Estado que transfere essa responsabilidade para as IPSS porque não consegue, de forma direta, assegurar as necessidades da população e por isso mesmo tem de garantir o apoio para que o serviço seja prestado com maior qualidade”, sustentou.

Ofélia Ramos reconheceu ainda o “grande impacto e importância social” do novo equipamento social em pleno ano Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade Intergeracional e defendeu um “novo olhar para a velhice”. “A velhice deve ser perspectivada, não como um problema mas como um bom sinal dos tempos, uma verdadeira conquista da humanidade e um sinal de progresso e de enriquecimento civilizacional. Vivemos hoje mais anos e isso não pode ser entendido como um problema. O aumento da esperança de vida é um fator em si mesmo positivo que deve ser, por todos nós, aproveitado para oferecer aos nossos mais idosos condições para uma vida ativa e útil”, disse.

Carlos Andrade, representante do secretariado nacional da União das Misericórdias Portuguesas, explicou que aquelas instituições não têm uma “relação mercantil com as pessoas”. Nas misericórdias não entendemos as pessoas como meros clientes. Para nós as pessoas são eventualmente utentes, mas em boa verdade o que temos são pessoas que são nossas irmãs em Cristo. É no cumprimento da nossa missão que estamos aqui. É pelo facto de sermos cristãos com responsabilidade cristã que as misericórdias existem há 500 anos em Portugal”, afirmou.

O presidente da Câmara de Lagos concordou que “as misericórdias conseguem desenvolver um trabalho que o Estado, só por si, não seria nunca capaz de desenvolver” e desejou que o novo equipamento possa “funcionar como um bom apoio para toda a população do Barão de São João”. “É uma âncora para o nosso futuro”, afirmou Júlio Barroso.

O bispo do Algarve que benzeu o novo lar e presidiu à celebração da Eucaristia disse ser “muito importante esta descentralização de criar nas freguesias espaços para que as pessoas possam ficar no seu próprio ambiente”. “Esta política é muito oportuna. Este esforço é muito compensado porque é muito personalizante. As pessoas adquirem mais estabilidade afectiva, emotiva, a todos os níveis”, disse D. Manuel Quintas, exortando todos os agentes do novo equipamento a “olhar para o outro, não apenas com os olhos mas com o coração”. “É isso que nos deve distinguir e se for criado este espírito nestas instituições, naturalmente que o ambiente será um ambiente onde todos poderão sentir-se bem”, complementou.

No Algarve há mais 22 novos equipamentos sociais em curso no âmbito dos programas POPH, PARES – Programa de Alargamento de Redes e Equipamentos Sociais e PIDDAC – Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central que representam um investimento global superior a 23 milhões de euros.

Samuel Mendonça