A missa de abertura do ano académico deixou um apelo aos estudantes da Universidade do Algarve (UAlg) para que não permitam que a cultura europeia “seja fragilizada”.
“Façam tudo para que a cultura seja aprofundada, seja ensinada, seja vivida”, pediu o capelão da UAlg, na celebração a que presidiu na passada quarta-feira à noite na igreja de São Pedro de Faro, com a participação de estudantes, professores, funcionários da academia e alguns familiares que à entrada receberam um código QR para se poderem inscrever para passar a receber as informações da Capelania, promotora da eucaristia.
O sacerdote defendeu que “a cultura na Europa só é possível com o Cristianismo” porque sem este “fica subvertida, frágil e decadente”. “Peguem na literatura europeia e retirem todos os sinais do Cristianismo e vejam o que fica da literatura. Peguem na arquitetura, na escultura, na pintura, no desenho, na música, no canto, retirem o Cristianismo. Peguem nos cemitérios, nos monumentos e retirem o Cristianismo e vejam o que fica da cultura europeia. E os europeus não se apercebem disto?”, prosseguiu, considerando que “a Europa está a pagar caro por ter retirado dos jovens e das crianças o ensino da cultura que provém do leite materno”.
“O Cristianismo e todas as outras religiões, todos são respeitáveis e respeitadas porque somos todos filhos de Deus”, desenvolveu o sacerdote que exortou ao “respeito pelo outro e o respeito a diferença”, alertando que “sem instrução e sem cultura o fanatismo desenvolve-se”. “O fanatismo é anti-inteligência e anti-fraternidade. As universidades não podem permitir isso. Isso passa pela cultura e pelo ensino. Esperemos que na nossa universidade todos trabalhemos para que isso possa acontecer”, disse.
Por outro lado, o capelão desafiou a academia a “escutar o grito da Mãe Terra” e apelou à união. “Este grupo que está aqui poderá ter uma força extraordinária. Se nos juntarmos seremos fortes. Se estivermos sós, seremos um verso solto fora do poema”, afirmou, lembrando aos estudantes católicos que são eles, hoje, os sucessores dos apóstolos. “E nós que nos dizemos católicos, seguimos Cristo?”, questionou, pedindo-lhes para não terem medo. “O mundo não nos compreende, mas nós compreendemos a mensagem e o mundo há de nos compreender se conseguirmos falar pelo perdão e pelo amor”, afirmou.
A celebração prosseguiu com a bênção do traje académico e, no final, contou com um momento de atuação do grupo In Versus, de fados e guitarradas de Coimbra. O capelão adiantou ainda que será estudada a possibilidade de se poder realizar a bênção das pastas num formato diferente. “Vamos ver se conseguimos, durante este ano, haver bênção das pastas por faculdade”, especificou, referindo ainda que a capelania este ano estará aberta às terças, quartas e quintas-feiras.