Cerca de 30 estudantes, professores e funcionários da Universidade do Algarve (UAlg) participaram na passada quinta-feira, ao final da tarde, na missa de abertura do ano académico que teve lugar na igreja de São Pedro de Faro.
O capelão da academia, que presidiu à eucaristia, congratulou os presentes pela participação na iniciativa. “Dou-vos os parabéns pela coragem de dizerem presente num mundo em que, normalmente, a cobardia intelectual é uma característica”, afirmou o cónego Carlos César Chantre, alertando que aquela limitação fará “com que, na Europa, os católicos, mais ano menos ano, tenham que pedir licença para serem cristãos”.“Os judeus não têm medo. Os muçulmanos não têm medo. Os jeovás não têm medo. Porque será que os católicos têm?”, questionou.
Acrescentando estar “na presença dos homens e das mulheres que pretendem alcançar o saber”, o sacerdote lembrou que aquela celebração pretendeu “pedir que a luz de Deus faça derramar sabedoria” sobre os alunos, professores e funcionários da UAlg e advertiu que “os intelectualmente ou espiritualmente cobardes nunca alcançarão a sabedoria”. “Muitos apelos hão-de acontecer para que fiquem intelectualmente anestesiados. Estejam alerta. Mesmo que tenham de ir contra a maré, mesmo que tenham de ir contra as massas, sejam pessoas independentes. Não permitam que as massas tornem cinzento o vosso caminho”, pediu.
O sacerdote realçou que a ciência e a fé não são incompatíveis, mas complementares. “Quanto mais eu preciso de Deus, mais a ciência pode evoluir porque a ciência só alcança algo se tiver um ideal que é superior à própria ciência. Quanto mais Deus, mais sonho. Quanto mais sonho, mais ideal. Quanto mais ideal, mais investigação para lá chegar. Quem é que tem medo disto?”, referiu.
Constatando a diminuta participação de alunos naquela celebração, o capelão encontrou aspetos positivos na presença daquele “número significativo”. “Que bom sermos poucos. Assim não entramos na massificação global que está a acontecer hoje e que está a inverter e a subverter a espécie humana”, observou, fazendo a comparação com as presenças na celebração da bênção das pastas. “Vejam o que é a massificação e o que é a espiritualidade”, distinguiu.
O cónego César Chantre lembrou ainda a organização conjunta da Capelania e da Associação Académica da UAlg daquela iniciativa que considerou “mais intimista,”. “A tenaz vontade do presidente da academia é que as raízes do seu povo não sejam desvirtuadas e, por isso, nos reunimos aqui para pedir a Deus para abençoar o novo ano académico da Universidade”, afirmou na presença do presidente da Associação Académica, Pedro Ornelas.
Para além de ter como intenção a oração pelos atuais alunos, professores e funcionários, a celebração teve ainda em conta os já falecidos. O capelão lembrou os que “estão vivos” e os que “estão vivos já no outro mundo”, destacando a “solidariedade” entre os presentes e “aqueles que já estão na outra banda da vida”. “Uma universidade tem que aproveitar estes temas sobre pena de ficar coxa da sabedoria”, alertou, advertindo para o perigo de a academia não alcançar a “sabedoria total”, mas “só a sabedoria terrestre” e que “nem terrena é”.
Na celebração, em que foi feita ainda, pela primeira vez, a bênção dos trajes académicos, o sacerdote lembrou que “o traje é um símbolo académico e deve ter uma respeitabilidade”.
O cónego César Chantre anunciou ainda um dia de retiro com os estudantes universitários, orientado pelos padres jesuítas e a eucaristia terminou após a atuação da Versus Tuna da UAlg.
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