A missa de abertura do ano académico da Universidade do Algarve (UAlg) deixou o apelo aos estudantes de que deixem na academia a sua marca e o convite a olharem para ela como uma família onde se recebe, mas também se dá.


As propostas foram feitas pelo padre António de Freitas, na homilia que proferiu na Eucaristia a que concelebrou na passada terça-feira com o cónego Carlos César Chantre, capelão da UAlg, na igreja de São Pedro de Faro.


“A universidade tem de ser uma família, uma comunidade humana, onde estão os estudantes, os professores, os funcionários, mas onde podemos ser muito sapientes e os melhores alunos, os professores podem ser os melhores pedagogos e os funcionários enormes educadores e ainda está a faltar o principal: sentir e reconhecer o outro como pessoa em igual dignidade, como parte de uma família”, afirmou o sacerdote.


“Aproveitem para crescer intelectualmente sem esquecer a dimensão humana da fraternidade e da familiaridade que somos chamados a ter uns com os outros”, prosseguiu, lembrando que “a universidade cresce como instituição” quando isso acontece.


O padre António de Freitas lembrou que esse crescimento ocorre quando cada um dá um pouco de si. “Quando todos damos um pouco, todos recebemos imensamente”, reforçou, pedindo aos professores que possam “arriscar sempre a fronteira” entre o professor e o “irmão na fé” dos alunos, “para ajudar a que cresçam todos humanamente”.


O sacerdote começou por dar “graças a Deus por se iniciar um ano letivo com a normalidade possível”. “Dar graças a Deus por podermos estar a estabelecer normalidade, quer no modo como se ensina, como se aprende, quer nas relações, quer no funcionamento das instituições, neste caso da Universidade do Algarve”, sustentou.


“O último ano e meio foi muito complicado para todos”, prosseguiu, lembrando que “os professores que se viram a braços com o ter de lecionar à distância ou de preparar aulas de forma diferente, sabendo que muitos alunos tinham a dificuldade até de acesso à internet e alguns sem ter computador pessoal”, “os funcionários que se viram impedidos de estar no lugar onde, apesar de ser de trabalho com os seus cansaços, é também de alegria porque grande parte da sua vida e da sua família também acaba por ser os alunos e os professores” e “os alunos que se viram privados de uma possibilidade de aprendizagem normal”.
O sacerdote considerou que “a distância foi uma verdadeira prisão que privou muita gente de muita coisa”. “Que este ano que começa, queira Deus que possa ser um recuperar de muitas coisas que ficaram pelo caminho, ou a meio ou por empreender. Eu diria o principal: o voltar a confiar-se nas relações uns com os outros”, destacou.
Na Eucaristia que contou com a bênção do traje académico pelo capelão da instituição, o padre António de Freitas realçou aquele símbolo académico como algo “muito significativo” neste início de ano. “O traje faz-me sentir parte de uma família, de uma comunidade. Faz-me pertencer a algo, mas faz-me também sentir devedor do honrar a instituição que tem este traje. É um sinal de pertença, de familiaridade, é identitário”, destacou.

A eucaristia, neste ano em que contou com a mais numerosa presença de professores, teve também vários funcionários presentes, para além dos alunos. No final da missa realizou-se ainda uma atuação do grupo In Versus, de fados e guitarradas de Coimbra.